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quarta-feira, 1 de junho de 2016

Viajando no Metrô



Estava eu saindo do trabalho com aquela pressa movida pela vontade de chegar em casa que já é habitual e natural. Vou caminhando até o metrô absorvida mentalmente pela lista de afazeres a serem feitos em casa e assim que eu chego na roleta uma cena me tira da minha distração.

Um pai está segurando um filho pelo braço e querendo que ele passe por baixo da roleta. O menino, que devia ter por volta de oito anos, com uma expressão que na minha interpretação era um misto de vergonha e medo insistia em dizer que não passaria por baixo porque isso não era certo.

A cena chamou a minha atenção, mas não o suficiente para me tirar do automático da pressa e impedir que seguisse os meus passos olhando o desenrolar, mas seguindo adiante e pensando: “Que absurdo! Que pai louco! Coitado do garoto! Que valores esse cara está passando para esse menino?! E nessa hora não chega nenhum segurança do metrô para fazer algo.”. Enquanto eu começava a descer as escadas olhando para trás com vários julgamentos na mente, o tal pai saiu da estação levando o menino pelo braço. Não sei se ele desistiu ou levou o garoto pra fora para convencê-lo de burlar a entrada no metrô.



Já dentro do vagão, sentadinha no meu lugar, continuei a pensar na cena ainda cheia de críticas ao tal pai. E resolvi pensar por outro ponto de vista: “E se o pai estava sem dinheiro e desesperado para levar o filho em algum lugar? E se o tal pai estava precisando ver alguém no hospital, não tinha com quem deixar o filho e não tinha dinheiro suficiente? E se o tal pai se viu sem alternativa e mesmo achando aquele ato incorreto só enxergou aquela alternativa?”.

E o que eu fiz? Continuei na minha pressa, julguei de forma negativa, mentalmente exigi uma atitude de outra pessoa (o segurança do metrô). Cheguei até a pensar que nós brasileiros poderíamos ser um povo educado o suficiente para termos catracas livres para quem está sem dinheiro e precisa se locomover. Enquanto isso, enquanto eu me perdia nos pensamentos, me mantive distante da situação. Não poderia ter feito diferente? O que as minhas críticas em pensamento, as minhas versões imaginadas da situação, as minhas cobranças teóricas ajudaram a mudar a situação? Por que eu não parei, não perguntei se eles precisavam de ajuda, não me ofereci para pagar a entrada do menino? Por medo de levar um fora? Pode até ser. Mas por que um fora, uma grosseria de um desconhecido iria me afetar? Com certeza a satisfação de ter ajudado alguém me afetaria muito mais e de forma positiva.

Bom, agora eu já tinha perdido essa oportunidade, mas segui o meu caminho pensando na situação. Pensando em como é mais fácil julgar negativamente do que positivamente. É como se ao criticar a atitude de outro mostrasse o quanto sou correta. Como é mais fácil cobrar uma atitude de outra pessoa. É como se ao cobrar a atitude de outro eu me colocasse fora do círculo de influência, do tipo se eu tivesse o que fazer, eu faria. Pois é, mas poderia ter feito algo bem simples. Poderia ter julgado menos e agido mais. E é isso que eu espero de mim em outras situações: mais presença, mais atitude e mais generosidade.

10 comentários:

  1. Chris, que bacana sua reflexão. É natural fazermos um julgamento negativo, mas olha que legal o que vc fez: conseguiu ver a situação por outros lados tentando se colocar no lugar do pai. Nunca vamos saber o motivo real, mas acho que vale a pena tentar se colocar no lugar do outro sempre. Um beijo

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  2. Verdade Chris. Afinal é mais fácil reclamar e criticar. Adorei o post, bem reflexivo.

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  3. Pois é. ....julgar sem saber exatamente o fato pode nos tornar muito injustos. Acontece com todos nós ,faz parte

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  4. Se colocar no lugar do outro é o que mais nos parece impossível, pois sempre nos sentimos os donos da verdade.
    Porém, sempre fica aquele sentimento de inquietação no coração de quem é bom.
    Adorei refletir contigo.

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  5. Ah....então tbm preciso parar muito p refletir pq daqui já estou imaginando q esse pai quis mesmo é dar o calote !!!!

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  6. Oi Chris é isso que eu acho que está faltando em nós seres humanos devido a essa correria desenfreada menos julgamentos e mais atitudes. Seu post nos leva a essa reflexão, será que estou julgando ou tendo mais atitudes?? Infelizmente no meu caso tenho julgado mais, mas penso que o fato de pararmos e refletirmos um pouco o assunto possa mudar para ter mais atitudes. Fiquei julgando ainda além, e se o pai realmente queria burlar e dar o calote e ainda levou essa criança pra fora pra convencê-lo na força bruta? olha só como nós adultos estragamos a inocência e transformamos uma criança de postura correta em um adulto descrente e fazendo tudo errado... é muita reflexão esse tema, essa discussão dá milhares de posts rsrsrsr. Beijo grande, Lu

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  7. Amiga nessa vida aprendi a não julgar. As vezes é dificil, mas eu sempre procuro refletir assim: eu não sei o que essa pessoa passa ou pelo que passou. Não sei com quais valores foi criada. Não sei o que a leva a fazer tal coisa.
    A principio, assim como você, eu diria: que absurdo! Mas realmente, e se o pai não tinha dinheiro, ou se o dinheiro daria apenas para o pão que comeriam na janta?
    Não somos juizes ou Deus para julgar não é mesmo?

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  8. Adorei o post, a reflexão, a forma que escreveu.
    Nos faz pensar…
    Parabéns!
    Bjs,

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  9. Oi Chris,
    Que bela reflexão, essa é um situação bem delicada mesmo. Nós temos a mania de fazer julgamentos sem antes saber da real situação. Acho, que como você, também não saberia como agir nessa situação.
    beijos

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  10. Boa reflexão Chris!
    eu ando de metro bastante e sempre me pego olhando as pessoas e tentando desvendar suas vidas... hehehe
    bjs
    Lele

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