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quarta-feira, 15 de março de 2017

O bem que vai, retorna

Vou contar um segredinho. A pessoa é do tipo que compra vestido novo para fazer uma entrevista.
Tá bom, tá bom, vou confessar. Na verdade a pessoa estava desejando o tal vestido há algum tempo, mas está no modo contenção de despesas ON. Mas tão ON, tão ON, que o botão está até colado com esparadrapo para não correr o risco de sem querer, assim como não quer nada, a pessoa colocá-lo em OFF. Aí a tal entrevista se torna um motivo para ir lá, tirar o esparadrapo e passar esse botão de contenção de despesas para OFF.

Mas essa pessoa também é do tipo que se esquece de tirar a etiqueta do vestido novo. E, ainda por cima, é do tipo que sai toda se achando poderosa em cima do salto, trabalhada na make sutil, escovão na juba, esmalte nas garras, vestido novo e... lá vai ela desfilando na passarela, ou melhor, na Rio Branco mesmo, com a etiquetona pra fora balançando ao sabor do vento e do balanço dos cabelos.

Acontece que a pessoa também é do tipo que quando vê alguém em uma situação meio constrangedora na rua vai lá e avisa.

Sabe aquela moça que saiu do banheiro e deixou a saia presa na calcinha? A pessoa aqui chaga junto da tal moça desconhecida e avisa discretamente. E aquele cara que saiu do banheiro e se esqueceu de fechar o zipper? A pessoa não tá nem aí se o tal camarada vai pensar que ela é uma tarada que fica olhando para aquela região, ela vai lá e avisa. Tem aquela garota que está com a mochila nas costas e a cada passo vai levando o vestido e já está pagando bundão de fora na escada rolante? A pessoa sobe de dois em dois degraus, chega na menina, e avisa. E quando tem alguém com a etiqueta da roupa para fora? A pessoa chega bem pertinho e avisa. Mas aqui, neste ponto, já que a pessoa está sendo sincera, ela tem que contar: antes ela dá aquela conferida nos dados da tal etiqueta. Mas não é ver a loja ou o preço não! É para ver o tamanho. É para saber se a tal desligada portadora de etiqueta para fora é PP com velcro e a pessoa aqui se rasga de inveja, ou se é GG com elástico e a pessoa aqui cai na empatia. Tudo bem, tudo bem, de qualquer forma, no final das contas, na inveja ou na empatia, a pessoa fez a sua boa ação.

E como dizem por aí todo o bem que você faz retorna em dobro. Né não?

E não é que enquanto a pessoa desfilava na Rio Branco, com passos confiantes no poder do cabelão escovado, do salto, das unhas, da make, do rebolado, do sorriso, se achando... uma alma caridosa, generosa, desinibida e com senso de humor aguçado, dá três toquinhos no ombro da pessoa aqui e fala baixinho com aquele sorriso que sai só de um lado da boca: "Nessa crise temos que aproveitar mesmo as promoções. E essa estava boa, né?".

A pessoa fica com aquela cara de que não está entendo nada por alguns segundos. Tipo: Ãããã? Como assim? Você é vidente? Como sabe que comprei na "promo"? Você também comprou um igual?

Vendo esta pessoa que vos fala, ou melhor, que vos escreve, com cara de interrogação, a amiguinha humorista foi mais clara: a etiqueta do vestido está para fora.

Gente, não era uma simples etiqueta comum que já chama a atenção normalmente. Esta era uma etiqueta poderosa. Daquelas que se fosse uma mulher iria estar trabalhada no cabelão, no salto, nas garras, no batom. Só que para ela, etiqueta, é bem mais simples. Basta ter o preço antigo riscado com pilot vermelho e o preço novo também anunciado em vermelhão.
A pessoa arranca a tal "dedo duro de frequentadora de liquidação", amassa rapidamente e coloca na bolsa, porque a rua não merece ter aquela delatora fazendo parte da decoração.
Finalmente a pessoa agradece a amiguinha solidária e engraçadinha. Mas agradece muito. Quase de joelhos. Porque pior do que mostrar que o vestido é novo, que foi comprado na liquidação, é mostrar o tamanho que está vestindo. Isso, não. Isso não dá.
Mais uma vez, muito obrigada pessoa desconhecida, engraçadinha, mas solidária e até empática.

História contada no Facebook e repassada para o blog.

13 comentários:

  1. Ahahahahaah eu ri com o relato Chris!! Realmente o bem que a gente faz volta haha e no seu caso foi muito engraçado!!

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  2. Confesso que amo seus relatos e crônicas. Você devia escrever um livro kkkk. Mas é assim mesmo tudo que a gente faz um dia volta, mesmo que demore um pouco

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  3. Hehehe muito bom, Chris! Por mais relatos da vida real assim!!!

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  4. Hahahahaha, AMEI!!!
    Escuto você contar enquanto leio. Adorei seu relato.
    Aqui também tenho empatia pelas GG...kkkk
    Também aviso sempre que possível
    E agora me conta, como foi na entrevista? Estou na torcida
    Bjks mil
    Clauo

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  5. Ri muito amiga e me identifiquei pois sou a rainha do King Kong, mas também sou solidária e aviso sim aquela pessoa que não fechou o zíper ou o forro da saia levantou então eu gostaria sim que alguém me alerta-se! Melhor um ver e me avisar do que todos verem e rirem de mim.

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  6. Hahaha! Chris, seu senso de humor é 10! O melhor é vc dizendo que estava toda trabalhada, e a etiqueta ali para te atrapalhar.
    Mas ainda bem que achou uma boa alma amiga.
    Bjs

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  7. Confesso que ri com o relato. Com cada palavra. O melhor foi saber que o medo não era que vissem a etiqueta e sim o tamanho que nela estava. Hahahaha

    Beijos

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  8. Ai Chris sei risada aqui imaginando cada relato

    Bjs Mi Gobbato

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  9. Confesso que não pude deixar de rir, mas de me solidarizar com seu relato!

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  10. Hahahaha, muito bom Cris.
    A maneira que você escreve é fantástica...

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  11. Hahahaha... coisas que acontecem com as melhores pessoas!
    Ms o melhor de tudo é encarar com esse humor. Adorei!
    E concordo: pior do que etiqueta de liquidação é ter o tamanho lá kkkkkk eu arranco todas as etiquetas com n.os e tamanhos das minhas roupas hahaha!
    Bjns
    :)

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  12. Hahahahaha, adorei Chris, muito engraçado seu relato, adoro acompanhar seu blog.
    Parabéns

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  13. Hahaha essa foi boa. Eu comecei a ler e já achei que ela não tinha tirado a etiqueta com a intenção de devolver o vestido depois de usar já que estava na contenção de despesa hahaha.

    http://www.arianebaldassin.com/

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