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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Filme "Projeto Flórida" - maternidade longe dos sonhos



Sabe aquele filme que você assiste tranquilamente, vê as cenas decorrerem com magia e encantamento a sua frente, um cenário colorido e salpicado de sol, e depois que sai do cinema fica impactada e refletindo sobre a história? “Projeto Flórida” fez isso comigo.




A história se passa nos arredores do mundo de mágico da Disney, onde todos os sonhos se realizam. Será?

Moonee, uma menina de seis anos, vive com a mãe Halley (Bria Vinaite) no motel Magic Castle, não muito distante dos portões de entrada de Disney's Magic Kingdom. Dois castelos tão próximos e tão distantes.

O prédio lilás em que está o Magic Castle inspira um mundo de sonhos, aventuras e repleto de possibilidades para o grupo de crianças que ali vive. É neste universo que Moonee (Brooklynn Prince) lidera o grupo de amigos. Junto com Scooty (Christopher Rivera), que mora no andar de baixo com sua mãe, e Jancey (Valeria Cotto), que mora no motel Futureland Inn, ao lado – vivem livremente, correndo pela vizinhança, aprontando e se virando. Aparentemente estão vivendo as maravilhas da infância, alheios aos problemas e dificuldades vividas pelos adultos ao seu redor. Um luxo, não? Nem tanto!



Se o Magic Kindgdon tem o Mickey para alegrar as crianças, o Magic Castle tem Bobby (Willem Dafoe), o gerente, que mantém uma relação de cuidado, preocupação e proteção com os seus hóspedes. Por trás da aparência séria de quem tem que administrar conflitos e interesses de pessoas problemáticas, Bobby tem sensibilidade e busca soluções para ajudar a quem já tem tanta dificuldade na vida.


Enquanto o grupo de crianças do Magic Castle passa seus dias criando sua própria magia, explorando a vizinhança com alegria e uma aparente liberdade, suas mães estão envolvidas em dramas, assombradas por problemas reais, como a falta de emprego e moradia.

Enquanto turistas vivem a fantasia dentro do Magic Kingdon, os moradores do outro castelo assistem aos fogos de longe. Enquanto turistas vivem dias de riqueza e esbanjamento, bem ali ao lado, está uma população a margem da sociedade lutando pela sobrevivência.

Por trás da magia, tem um dura realidade. Por trás dos sonhos, tem grandes necessidades básica. Por trás da liberdade das crianças, tem um abandono involuntário das mães. Por trás do abandono e irresponsabilidade das mães, tem um amor e uma luta para darem o seu melhor para os filhos.

O filme mostra a inocência e o otimismo do olhar infantil. Mostra o quanto uma mãe imperfeita pode ser perfeita para a sua filha. Uma mãe jovem que vive os conflitos entre desejos da juventude e consciência do seu dever de mãe, nos faz, em muitos momentos, julgá-la (logo nós mães que vivemos os erros dos julgamento do nosso maternar na própria pele) como uma péssima mãe.

E é fácil julgar esses personagens, mas se assistirmos com uma mente aberta, na cena seguinte, percebemos que há muito para admirar no jeito das duas enfrentarem a vida, e amar a resiliência e o compromisso de Halley com sua família.
E na verdade não importa o nosso julgamento sobre essa mãe, importa sim o sentimento que sua filha nutri por ela.



Os conflitos vividos por  Harley e Moonee nos coloca em conflito com os nossos próprios sentimentos, avaliações e julgamentos sobre as duas. Uma mãe irresponsável ou uma jovem imatura lutando para dar o seu melhor diante das dificuldades? Uma menina mal educada, sem limites, ou uma criança alegre, criativa, que está lutando para continuar criança diante da dureza da realidade?

E o que fazemos diante dessa realidade que não está apenas neste filme, mas em muitas histórias ao nosso redor? Julgamos e nos isentamos?! Que tal fazer como Bobby, o gerente do castelo, que ao invés de julgar essas pessoas, procura na sua simplicidade estar atento a elas e ajudar no que está ao seu alcance?

O ponto máximo do filme é o elenco mirim e, entre ele, o destaque está para a estreante Brooklynn Prince. Ela faz a Moonie ser cativante, divertida, engraçada, esperta. 

Além da estreante Brooklynn Prince, o elenco mirim é formado por Valeria Cotto e Christopher Rivera, também em seus primeiros trabalhos no cinema. O ator Willem Dafoe, indicado ao Oscar 2018, e a estreante Bria Vinaite são os destaques do elenco adulto.




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7 comentários:

  1. Humm Chris, eu adoro suas dicas!
    Ja coloquei na minha lista! ADORO o trabalho do Dafoe e estou na torcida por ele também.
    Adorei o post
    Bjs

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  2. Acho que vou amar esse filme. A temática me interessa, adoro o ator, gostei muito da tua resenha. Beijoooo

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  3. Fiquei curiosa em ver esse filme Chris!! Sua resenha foi bem interessante...adorei[

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  4. É uma delícia ler tuas críticas, Chris! Desperta um interesse urgente em querer ver com meus próprios olhos tudo o que leio por aqui!

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  5. Adorei a resenha ela me deixou super curiosa para assistir o filme

    Bjs Mi Gobbato

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  6. Maravilhoso esse filme !! É tudo isso que você falou, nada tendo acrescentar sobre o filme, exceto o diretor. Porquê menciona-lo ? Sean Baker já acumula diversos prêmios independentes, seu filme anterior "Tangerine" foi grande sucesso de público e crítica. E nesse novo filme ele denúncia a indigência oculta dos EUA, suas próprias palavras, e com certeza será outro sucesso. Ao meu entender o Oscar deveria melhor premiar esses filmes até porquê Oscar de melhor filme estrangeiro na sua maior parte, são independentes.
    Bjus..

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