Sendo assim eu editei este post antigo que já fala das brincadeiras da minha infância
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Este post na verdade é um texto que tive que fazer para a Ana Luiza levar para a escola há 2 anos sobre a minha infância e resolvi postá-lo aqui.
A minha infância foi muito boa, muito boa mesmo, daquelas que todas as crianças deveriam ter. Eu tive espaço para brincar, eu tive liberdade para inventar.
Passei a minha infância em São Pedro d’Aldeia, na Vila Militar. Morava em casa, com jardim e sem muro. Dormia de janela aberta, no máximo com uma tela para evitar os mosquitos. Isso mesmo, o grande medo era de mosquito.
Eu gostava muito de andar de bicicleta. Os passeios de bicicleta tinham sempre uma novidade. Uma vez ia explorar o bosque; em outra tentava subir ladeiras mais altas; depois descer ladeiras com alguma amiga na garupa; dar a volta no pântano com alguém sentado no guidom; pedalar, pedalar e ficar em pé no banco; montar rampas com madeira e tijolos para dar saltos com as bicicletas e tudo mais que pudesse inventar.
Os joelhos ralados foram uma constante na minha infância e o merthiolate também. Lembro bem do lema: tudo o que arde, cura e o que aperta, segura.
Eram muitas, muitas, mas muitas crianças. Com aquele espaço todo e com tantas crianças, as brincadeiras de pique eram frequentes. O meu preferido era o pique-esconde. Tinha também o pique-pega que naquela época era conhecido por nós com pique-tá. Isso porque quando quem estava com o pique pegava alguém, falava: - Tá com você!
Tinha pique-alto, pique-baixo, pique-parede e qualquer outro que quiséssemos inventar. Polícia e Ladrão. E o pique-bandeira? O campo era riscado no chão de barro com uma vara e as bandeiras eram galhos de árvore. Esses piques eram muito divertidos, muitas crianças brincado juntas. Crianças de várias idades juntas, meninos e meninas. As crianças menores eram consideradas café com leite.
Algumas brincadeiras eram mais de meninas como pular corda, pular elástico e amarelinha.
Eu e minhas amigas preparávamos lanchinhos, algumas bonecas e íamos fazer piquenique no bosque. Os motivos podiam ser diversos: aniversário de uma boneca, batizado de outra. Ou também podia não ter motivo algum. Para esses pique-niques eu gostava de levar pão com mel.
Brincar no parquinho também era uma grande aventura. Eram vários brinquedos de ferro: balanço, escada-horizontal que nós chamávamos de pega-pega, prancha vai-e-vem que para nós era rema-rema, passo gigante apelidado por nós de roda-roda, etc...
Era no parquinho que eu me sentia uma artista de circo.
No balanço eu balançava alto, bem alto, cada vez mais alto imaginando que algum dia eu ia conseguir dar uma volta completa. No pega-pega me pendurava pelas pernas de cabeça para baixo pensando estar no trapézio. No roda-roda, rodava bem forte e depois soltava as mãos fazendo de conta que era a mulher-bomba. Tinha uma manilha colorida e o grande desafio era subir correndo e ficar em pé em cima dela como uma equilibrista. Essa manilha parecia ser muito grande e realmente era maior do eu que cabia em pé dentro dela. Nesse ano (2007) fui no mesmo parquinho da minha infância com as minhas filhas que já não tem os mesmos brinquedos, mas as manilhas continuam lá. Só que agora não parecem tão grandes e eu já nem caibo em pé lá dentro.
Eu adorava ir à praia, que na verdade era uma lagoa, e lá fazia bolos na areia e enfeitava com conchinhas. Nas férias era colocado um flutuante na lagoa para as crianças brincarem. Esse flutuante era uma plataforma de madeira com um escorrega de um lado e um trampolim no outro. Escorregar e cair na água eram muito divertidos. Saltar do trampolim era uma grande emoção. Inventávamos vários saltos : salto bomba, parafuso, sem limites para a imaginação.
Naquela época a lagoa era limpinha, cheia de peixinhos. Algumas vezes estava brincando na água e sem querer pisava em um peixe que se debatia em baixo do pé fazendo cócegas e eu sempre levava o maior susto quando isso acontecia.
Gostava também de brincar de casinha. Eu tinha uma casinha de madeira daquelas que dá para entrar, azul, com chaminé e duas jardineiras na janela que eu plantava gerânio de verdade. Meu pai fazia casinha de cartolina para mim, que apesar de ter porta e janela, as bonecas de papel entravam mesmo pelo teto.
Mas a melhor brincadeira de casinha era nas árvores. Escolhia um galho para ser a sala, no outro era o quarto, as folhas serviam de pratos e as amêndoas eram a comidinha.
Com tanto espaço lá fora sobrava muito pouco tempo para a televisão. Algumas vezes eu assistia a Tom e Jerry e Pantera Cor de Rosa. Esses eram os meus desenhos preferidos.
Eu tinha vitrola que parecia uma mala. Aliás, ela fechada era uma mala e somente quando abria é que virava vitrola. Adorava ouvir as historinhas dos disquinhos coloridos. Ouvia a história e acompanhava no livrinho que vinha junto. O disquinho da Chapeuzinho Vermelho era vermelho, é claro; o da Cinderela, amarelo e o do Mogli, verde. Tinham outros, mas esses eram os meus preferidos.
Como tinha pouca luz da cidade, as noites eram muito estreladas. Algumas vezes meu pai e a minha mãe colocavam um lençol na grama e ficávamos no jardim contando as estrelas. Só não podia apontar para não nascer verruga na ponta do dedo. Depois, quando eu e a minha irmã íamos dormir, ficávamos com medo de acordar com verruga no nariz, mas não nascia não. Acordávamos prontas para mais brincadeiras.
Essa infância com tempo para brincar e ousar que eu quero proporcionar para as minhas filhas.
Vejam
AQUI na nossa partipação na
BC da Semana Mundial do Brincar de 2013.