Sofia Conselheira

Tenho aqui duas meninas com personalidades muito diferentes. Dia a dia vou aprendendo a lidar com essas diferenças.

A Ana Luiza sempre gostou de uma boa conversa. À noite, após a leitura, sempre conversamos sobre o nosso dia, as coisas legais que aconteceram, as coisas não tão boas assim, as dúvidas, o que agrada, os medos, etc... Essas conversas me ajudam muito a perceber onde posso ajudá-la, onde preciso estar mais presente, a passar os valores corretos.

Já a Sofia não gosta de muito papo. Não é do tipo de Discutir a Relação. Quer mesmo é brincadeira. Sempre que pergunto como foi na escola ela responde que não quer falar disso. Ou então, inventa uma resposta contrária. Se pergunto se ela brincou com alguém no play responde na maior cara de pau: - brinquei sozinha, não tinha ninguém no play.

Resolvi mudar de tática. Não pergunto mais nada. Conto alguma história minha e tem surtido efeito.
Outro dia eu queria saber com quem ela estava sentando na escola. Ao invés de perguntar contei que eu mudei de lugar no trabalho e que agora sento ao lado da Fernanda, que não fico mais na janela... Batata! A Sofia me contou com quem ela está sentando e trocamos várias opiniões sobre o assunto.

Foi aí que contei que quando eu estava no CA eu sentava com o José Lourenço.

- E ele era bonito, mãe?
- Era sim. E vou te contar um segredo, mas você não conta para ninguém, tá? Eu queria namorar ele quando eu estava no CA.
- E eu quero "namolar" o Luís Eduardo mas ele não quer me "namolar".
- E como você sabe?
- Ele falou. (Ai Jesus. Ela foi pedir o garoto em namoro. Não, não. Menos mal)

Aí a mãe aqui já ficou preocupada com a autoestima da filha pequena, enfrentando a primeira rejeição amorosa.

Já queria dizer que esse garoto não sabe o que está perdendo, etc e tal. Mas com a intenção de dar uma força para a filhota falei:

- E o José Lourenço não queira me namorar também. Mas depois ele quis e aí, eu é que não quis mais.
- Por que você não quis. Ele cresceu e ficou feio? (com voz surpresa)
- Não. Foi porque ele não queria me namorar e eu não ia perder o meu tempo com quem não queria me namorar. Tinham outros que queriam.
- E você desistiu dele só por isso?  Mãe, a gente não pode desistir do que a gente quer, entendeu? Não é para desistir fácil não, entendeu? Você é complicada.
- Ah, tá. Você está certa vou seguir o seu conselho, não vou mais desistir do que eu quero. Foi muito bom conversar com você.

E assim estamos conseguindo bater um papo sério todas as noites. Ou quase todas.