Mãe de Adolescente desce do pedestal e...

Sabe aquela criancinha linda, cheirosa, gostosa, charmosa e tudo de bom? Aquela menina que acha a mãe o máximo, linda e maravilhosa mesmo quando a mãe está desarrumada e descabelada?

Aquela pequena que tem na mãe a sua imagem e semelhança e que quer até usar roupas iguais?

Pois é, essa menininha cresce e fica uma adolescente linda, gostosa, charmosa e tudo de bom. Mas a mãe dessa menina passa a ser o ser mais pagador de mico que existe na face da Terra.

E o que acontece quando a adolescente linda, que está preocupadíssima com a opinião dos outros, vai passear no shopping com a mãe, que não está nem aí para tais opiniões?

Ao sair da primeira loja.

- Mãe, por que você falou com a vendedora daquele jeito? (em tom de repreensão)
- Falei como assim? (em tom de surpresa e sem entender nada)
- Você não falou direito com ela.
- Jura? Nem percebi. Mas eu fui mal educada, fui grosseira? (será que já estou tão doida assim?)
- Não mãe, você só não foi simpática. Você podia ter sido mais simpática.
- Ai que bom que eu tenho você para me dar esses toques. Vamos voltar na loja que eu vou pedir desculpas para a moça. Ah, e ainda vou dizer que a minha filha linda e educada é que me chamou a atenção para isso. (Mãe, de extremo bom humor só querendo implicar com a filha implicante).
- Não, mãe! Claro que você não vai pagar esse mico! Não precisa voltar. E muito menos dizer que fui eu que falei isso.
- Ah, mas eu vou voltar sim. Se fui antipática com a menina, vou pedir desculpas. (mãe rindo por dentro)
- Cara, não acredito que eu vou pagar esse mico. Que ri-dí-cu-lo! 

Depois do mico das desculpas pago, mãe entra na segunda loja supermegaultrasimpática.

- Mããããããae, por que você está falando assim com a vendedora? (meio sussurrando e puxando o braço da mãe para baixo.)
- Ué, estou sendo simpática para não ter que voltar e pedir desculpas. (me divertindo muuuuito com a situação)
- Tá, mas não precisa exagerar. Dá para ser simpática sem pagar mico?

Olhando as araras:

- Ana Luiza, o que você achou dessa bermuda? (achando a bermuda um arraso)
- Legal. Mas não para você.
- Ããããããã, como assim? Por que não para mim?
- Ah, mãe ... nada a ver, né?
- Moça, eu quero uma bermuda dessa de cada cor que você tiver. Achei linda!
- Mãããe, você vai levar?
- Vou! Uma de cada cor e ainda vou sair da loja vestida com uma. Adorei a bermuda e tem TUDO A VER COM MEU ESTILO. (adorando a pagação de mico geral)
Leva uma pra você também. Aí a gente anda igualzinha. (já rindo com a resposta que viria)
- Claro que não vou andar por aí com roupa igual a sua, né? Ai, geral sem noção!

Na hora de pagar a conta e querendo pagar mais mico comecei a cantar a música que tocava na loja.

- Cara mãe, para de cantar! Você canta muito mal!
- Mas eu adoro cantar e acho que tô cantando mal porque tô cantando baixo. Vou cantar alto para a voz sair no meu tom. (ah, ah, ah. mãe malvada)
- Não, não ... canta baixo mesmo.
- Tá bom, não vou cantar. Vou só dançar! (querendo provocar)
- Para mãe! Nada a ver ficar dançando no meio da loja.

Depois dessa pagação geral de mico, fizemos um lanche, conversamos e por um momento a adolescente esqueceu os outros e até caminhou de mãozinha dada com a mamãe. Que coisa mais fofa!

Pois é, a adolescência é a fase onde o medo da crítica vem que vem forte. E vem junto o medo que alguém critique a mãe, então é melhor a filha criticar primeiro.
É na adolescência que surge a necessidade de desenvolver o próprio eu, a própria personalidade. E aí bate aquele conflito: eu quero ser eu e para ser eu preciso ser diferente da minha mãe.
E mesmo com todas as diferenças que existem, com toda a necessidade de uma identidade própria, a relação mãe e filha continua estreita e forte demais.
É lindo ver a filha crescendo. E pode até ser engraçado e divertido se ver (como mãe) ser retirada do pedestal e ser pendurada em um galho (lugar mais adequado para uma pagadora de mico).