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terça-feira, 16 de outubro de 2012

É da nossa conta! Trabalho infantil e adolescente.

A primeira vez que vi sobre a campanha colaborativa É da nossa conta! Trabalho infantil e adolescente lançada pela Fundação Telefonica,  pelo UNICEF e pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) eu logo pensei que a realidade de hoje em dia já está bem melhor do que um dia.




Por que eu pensei assim? Porque eu vivi o trabalho infantil dentro da minha casa e hoje não vejo mais isso no meio em que circulo.

Eu tive uma babá que foi trabalhar lá em casa com apenas 12 anos. A mãe dela a entregou lá em casa com a seguinte orientação: ela só precisa voltar em casa uma vez por mês para levar o salário. Toda a situação era mostrada como uma boa ação, como sendo para o bem da menina que numa casa de família teria boa comida, boa cama para dormir, roupas e passeios. Enfim, uma vida melhor do que ela tinha na própria casa. Eu até acredito que na ignorância da época tanto os pais da Penha, quanto os meus pais realmente acreditavam que estavam fazendo uma boa ação. Uma visão imediatista, sem perspectiva de futuro.


Eu me lembro bem do meu sentimento em relação a essa situação. Lembro-me muito claramente dos questionamentos que eu, com 7 anos, fazia: por que Deus escolheu a mim para ir para escola e escolheu a Penha para trabalhar? Por que Deus escolheu a mim para ter "dinheiro" e a Penha para ser pobre?

 Eu com 10 anos e a Pepenha com 14 anos


Bom, a Penha concluiu o 1º grau quando ainda trabalhava lá em casa, apenas isso. E a vida dela continua sendo de doméstica, mas ela não repetiu com os filhos essa experiência. Os filhos da Penha não trabalham, eles estudam. As minhas filhas não presenciam o trabalho infantil tão claramente no dia a dia delas. Por isso a minha visão nublada de que o cenário do trabalho infantil atualmente melhorou muito.

Com a campanha eu pude ter uma percepção mais clara da realidade do trabalho infantil na nossa sociedade.

O questionamento "Por que Deus escolheu?" é uma pergunta de criança, uma pergunta infantil. Hoje a pergunta é "Por que nós adultos permitimos?". E eu digo, é da nossa conta sim! Eu até hoje me sinto responsável pelo destino da Penha, procuro ajudá-la, estar presente, apoiar, dar carinho e amizade. Mas a cada dificuldade que ela passa eu sei que é fruto dos dias que ela trabalhou ao invés de estudar.


Então, se você identificar alguma situação de trabalho infantil:
- Comunique ao Conselho Tutelar de sua cidade, ao Ministério Público ou a um Juiz de Infância. 
- Denuncie pelo telefone ou site (www.disque100.gov.br) do Disque 100 - Disque Denúncia Nacional.



20 comentários:

  1. Chris, eu concordo com você e adorei a parte. "Porque Deus escolheu é uma pergunta infantil e hoje a pergunta é Porque nós adultos permitimos"

    Bom que você ainda fala com a Penha, né?

    Beijos!

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  2. Oiii Chris, gostei muito da sua reflexão sobre o tema e da campanha, tbém tivemos uma mocinha que trabalhou com a gente muitos anos, começando com 13 anos, naquela época não se falava nesse assunto, como vc disse nossos pais estavam era ajudando, que bom que hj as coisas estão mudando, pelo menos onde temos visto! Gostei muito da nova vida que a Penha deu aos filhos! Abraçossss

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  3. Ai Chris! Triste,né? E interessante ver que vc já tinha esse questionamento, mesmo sendo tão nova!E ao mesmo tempo bom ver que a Penha não repetiu este caminho com os filhos, que viu logo que não é trabalhar que faz a pessoa ser de bem!

    Bjs
    Tati

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  4. Poxa, vi isso na minha infancia tambem, minha mae inclusive trabalhou em casa de familia por muitos anos e cuidou de criança, triste ver que tantos tem muito e outros tem pouco, ainda bem que voce ainda se dispoe a ajudar a penha e nao a deixou de lado =/

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  5. Ah Chris, seu post está excelente e emocionante, também tive babá que começou criança... ;)
    Beijo, beijo!
    She

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  6. Ótima reflexão...sabe em casa nós tínhamos situação similar, as famílias do interior iam para a cidade e não tinham onde deixar as filhas para estudar, então mesmo sem condições de sustentar a família, minha mãe sempre aceitava uma menina e ajudava ela (tinham o mesmo direito que nos) ou seja a quase nada...rsrs Mas elas acabavam saido de nossa casa para as casas mais ricas para trabalhar e acabavam largando os estudos....eu trabalhei desde os meus 11 anos, mas apenas após o horário de aula, e por 3 horas....queria ter muitas coisas e mamãe não conseguia comprar.

    Muita Luz e Paz
    Abraços

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  7. me lembro que eu tinha tb uma baba de 14 anos.....ela ficava na praia os 3 meses com a gente....estranho que so lembrei disso agora....ate vou questionar como isso funcionava.....tempos estranhos aqueles...

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  8. Nós tbm tivemos uma menina na nossa casa,acho que o diferencial foi só que a minha mãe colocou ela p/ estudar,a Nonatinha voltou p/ casa da mãe dela com 15 anos,continuou estudando,tornou-se advogada e é Pastora em Belém,isso não muda que ela fazia os seviços em casa e me fazia companhia,eu já era grandinha.Tenho ela como uma irmã mais velha,e sempre torci muito por ela.
    Achei lindo o teu post.
    bjs
    #amigacomenta

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  9. Quantas Penhas ainda existem por ai? Bela reflexão....

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  10. Também vivi uma situação bem parecida com uma menina que veio trabalhar na casa dos meus pais com 13 anos, era surda, e seus pais não tinham condições de arcar com o tratamento. Essa criança cresceu, é parte da minha família, hoje é avó, se cuidou a vida toda, fez diversas cirurgias auditivas, ams infelizmente não conseguiu recuperar a audição, mas usa seu aparelho auditivo que a permite ouvir e falar, e seus filhos e netos são parte de nossa família!
    Às vezes, pela cultura da época, considerávamos em casa não como um "trabalho infantil", mas como se tivesse sido uma adoção(moradia, alimentação, vestuário, carinho, cuidados médicos), com um trabalho colaborativo, cujo salário ajudava a alimentar os irmãos que ficaram em casa.
    bjs
    Sandra
    http://projetandopessoas.blogspot.com.br//

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  11. Chris, muito bacana essa BC. Eu tbm achava que isso era coisa rara nas grandes cidades hoje em dia (pq no inteior tem muita criança em trabalhos pesados até), mas percebi que não é verdade. Eu tbm estava enganada.
    Adorei teu relato. E fiquei feliz com seu contato com a Penha e de como a realidade dos filhos dela tbm mudou!

    Beijos

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  12. Chris. Minha mãe começou a trabalhar com 5 anos de idade. Minha avó teve filhos demais, teve que entregar para uma tia. Ela só estudou até a 4º série e eu sei que ela sente algo como "pq meus pais fizeram isso comigo?". Bom, graças a Deus eu não precisei trabalhar. Na verdade pedi para meu pai deixar eu fazer um bico no shopping no natal (eu já tinha 16). Ele surtou, disse que eu não ia trabalhar, mas no fim, eu consegui. A gente não tem muita noção, né? Precisa de orientação dos adultos. Ainda bem que fazemos parte de uma geração de mães mais conscientes. bjs
    Fabi
    Mulher e Mãe
    #amigacomenta

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  13. Oi, Chris é uma pena mesmo que ainda hoje crianças e adolescentes tenham que trabalhar para garantir o sustento da casa. Minha avó trabalhou desde criança e não teve como estudar, mas não permitiu que seus filhos trabalhassem quando criança. Acho que na época sua família achou que estava fazendo o certo, mas hoje agente vê que criança tem mesmo é que estudar e brincar e não ter tamanha responsabilidade.

    Bjsssssssssssssssssss, Dani Cardão.

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  14. Incrível como quando paramos pra pensar e refletir, percebemos que o problema está pertinho de nós e que devemos sempre falar, debater, discutir, né?
    Poxa, queremos um mundo melhor, temos que buscar evolução .... nossos filhos vão crescer e não deve ter mais "Penhas" trabalhando pra eles. AS "Penhas" tem que ser as colegas da escola, da natação e não a Babá!
    Adorei!
    beijos
    #amigacomenta

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  15. Chris, desde que ouvi este seu relato, há meses, penso nesta história e me emociono. Acho que foi num post no meu blog que vc comentou e sua percepção, desde a infância até hoje, sobre a realidade que envolvia vocês duas, me fez admirar ainda mais a pessoa que você é.
    Gosto especialmente deste trecho do seu texto:
    "O questionamento "Por que Deus escolheu?" é uma pergunta de criança, uma pergunta infantil. Hoje a pergunta é "Por que nós adultos permitimos?"."
    Não devemos mesmo permitir e quero crer que nossos netos verão esta realidade como uma história dos livros, distante e vencida com o empenho da sociedade unida, como tem sido neste movimento #semtrabalhoinfantil.

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  16. belo relato Chris!
    Aonde moro vejo muitos casos de trabalho adolescente e muitas vezes é difícil demover o jovem da ideia de trabalhar, já que muitos querem ter seu dinheirinho, muitas vezes os pais até dão condições para o adolescente só estudar, mas muitos querem alguns luxos que vão além das possibilidades da família e os pais não conseguem impedir que eles saiam para trabalhar. Então ficam cansados para estudar, muitos vão para a escola para dormir. É triste, mas ainda existe, e muito =/

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  17. Chris,

    Minha mãe foi a babá, a faxineira, a cozinheira e o capacho dos tios dela. Ela tinha a idade da Larissa (8 anos) e perdeu contato com os tios e o primo que ela ajudou a criar. Infelizmente isso continua a acontecer em muitos lugares, porque, como disseste, nós permitimos.

    O bom de uma blogagem coletiva é que percebemos que não paramos para pensar juntas e podemos sair do "papel" para o mundo real, agir mesmo e efetivamente.

    Gostei demais do teu post.

    Beijo,
    Ingrid

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  18. Adorei seu post, Chris! Sabe que tive um babá que deveria ter uns 5 ou 6 anos a mais que eu! Me lembro dela até hoje, com muito carinho! Infelizmente, nos perdemos ao longo dos anos. Gostaria de saber como ela está, de saber se a vida dela tomou um rumo diferente do que dizem as pesquisas. Bjsss
    Tamy #amigacomenta

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  19. Cris...que experiência vivida, hein????depois de ler seu post...fiquei me perguntando o que a Penha pensava....pois se vc. Já questionava o porquê da diferença....imagina ela???? Parabéns a vc pelo post e a ela por não repetir o erro dos país dela!!! Bis Camila mamãe Viver Bem Bom
    http://viverbembom.com.br
    #amigacomenta

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  20. Oiee,

    Infelizmente esta questão está enraizada culturalmente na nossa sociedade, lá em casa minha mãe tb teve algumas "ajudantes" menor de idade, pra mim eram como irmãs mas, elas não iam na escola, faziam faxina, ajudavam minha mãe com a comida e etc.
    Lendo seu post relembrei disto e deu até tristeza, nem sei por andam estas "irmãs" e hj vejo como aquilo era errado!
    O caminho é este mesmo, vamos nos unir para mudar este quadro triste no nosso país!!

    Bjo!

    Loreta #amigacomenta;)
    @bagagemdemae

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