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domingo, 5 de maio de 2013

Primeira vez para mãe não tem fim


Esta foi a chamada na coluna Confessionário do site Bebe.com.br da Abril para o meu texto em 02/05/2013. 

Primeira vez para mãe não tem fim

"Por Redação 02.05.13
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O primeiro banho, o primeiro dia na escolinha, a primeira vez que o bebê ficou com outro adulto…O coração da mãe tem que lidar com muitas primeiras vezes ao longo da vida do filho e é sobre isto que a blogueira Chris Ferreira escreve. Chris é mãe de Ana Luiza e Sofia e autora do blog Inventando com a mamãe."


O texto ficou no site por um tempo e guardado aqui no meu computador. 

Hoje, dia 07 de junho de 2018, mais de cinco anos depois, escrevendo o post sobre a caixa do Capitão América, eu me lembrei dele. 

Fui a busca do texto pela internet e percebi que a página não está mais no ar. Mas achei o arquivo em que guardei a matéria. Daí resolvi trazê-lo de volta para o blog. 

Mas fiquei na dúvida. Trago para o momento atual? Ou post lá na época em que ele foi escrito, na época em que ele foi ao ar? Resolvi então deixá-lo aqui no passado. No momento presente do texto. 


Quando as minhas filhas começaram a crescer o meu coração de mãe começou a passar pelo sobressalto dos primeiros passos da conquista da independência.

Eu me lembro bem do primeiro passeio na escola. Lembro da enorme dúvida para decidir entre deixar ou não deixar ir, da difícil escolha entre a minha tranquilidade e a alegria dela, lembro do coração apertar com as preocupações e inflar ao pensar na felicidade da minha pequena. 

Foi na semana do primeiro passeio com a escola que eu voltei ao aflitivo jogo do bem me quer, mal me quer tão presente na minha adolescência (como era difícil de entender os meninos, nada como pedir ajuda às flores, né?), mas agora o jogo era diferente. Passou a se chamar deixo, não deixo. A cada pétala um sentimento diferente, um medo, uma alegria, uma preocupação, uma satisfação. Enfim sobrou a pétala do deixo. E hoje eu agradeço por essa decisão.



E depois do primeiro passeio o coração ficou mais tranquilo e acostumado com a situação.

Assim que respirei aliviada a primeira vez na casa de uma amiguinha bateu na portinha do meu coração. Lá fui eu pegar a minha florzinha que em cada pétala tinha muita reflexão. E na folhinha que restou estava escrito deixo. Mais uma vez o coração ficou tranquilo assim que a minha pequena voltou, trazendo novidades, alegria e elogios pelo comportamento.

Aí veio a primeira primeira festinha sem pai, nem mãe. Lancei mão da minha flor e a pétala restante mais uma vez foi a do deixo. Após ver que tudo corria bem e as minhas filhas voltavam inteiras e felizes, o coração se acalmou com mais essa situação.

E assim foi também com a primeira viagem com a escola (agora os passeios incluem noites).

Até que por volta dos onze anos me pareceu que essas primeiras vezes tinham acabado e o meu coração já tinha atingido o Nirvana e se acostumado com tantas emoções. Um período de calmaria! Nenhuma primeira vezinha surgia.

Assim ficou por uns dois anos. Traquilinho, tranquilinho. Até que a tal adolescência chegou e aí veio uma enxurrada de primeiras vezes: primeira matinê, primeira praia só com os amigos, primeira viagem para casa de amigos (com pai e mãe do amigo presente), primeiro cinema só com as amigas, primeiro jantar com a galera, primeira festa na praia.

E eu voltei com carga total ao jogo do deixo, não deixo. Mas agora eu entendi que a fase anterior era só um treino, um aquecimento, para essa nova etapa com emoções mais fortes. Agora não apenas retiro as pétalas, faço isso enquanto ando na montanha-russa.

O jeito é ir treinando porque, pelo visto o jogo tá só começando e ainda vou viver muitas fases, cada vez mais emocionantes. E quando a adolescência da Ana Luiza acabar vai ser a vez de recomeçar com a Sofia. Aguenta coração porque primeira vez pra mãe parece não ter fim.



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