Abrolhos, eu fui! E as minhas filhas, irão?

Fiz algumas viagens antes de ter as minhas que foram inesquecíveis e que sonho em voltar com as minhas filhas. Que apresentar para elas aquele local, compartilhar as minhas histórias e viver novas com elas.

Um desses locais é Abrolhos, um arquipélago maravilhoso, região com maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul, águas transparentes, um fundo do mar cheio de peixes coloridos e muita vida marinha, afastado da civilização e em total contato com a natureza.

Chegar ao arquipélago do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos é surpreendente é inacreditável a beleza do lugar. Mas mais inacreditável ainda é saber que esse paraíso está ameaçado pelo irresponsabilidade e ganância do ser humano.

Essa ameaça triste e revoltante me fez recordar a viagem maravilhosa que fiz há alguns anos atrás, em uma época que não tinha agências de viagens oferecendo passeios. Os poucos barcos que chegavam em Abrolhos eram de mergulhadores ou embarcações particulares que passavam pela região.

Na época juntamos um grupo de amigos e contratamos um barco de mergulho que conhecia Abrolhos e estava acostumado a levar mergulhadores para a região. Seguimos de carro até Alcobaça, no Sul da Bahia e lá embarcamos para nossa aventura de cinco dias no mar. A princípio achei que seria meio entediante ficar cinco dias dentro de um barco com mais 11 pessoas (9 amigos, 1 marinheiro que cozinhava maravilhosamente bem, 1 dono do barco e instrutor de mergulho). Tremendo engano o meu. Os cinco dias passaram voando e vim embora com vontade de ficar mais cinco dias.

Depois de cinco horas navegando chegamos ao arquipélago de cinco ilhas de formação vulcânica dispostas em forma de arco e com um mar transparente que parecia uma piscina. Mas antes fizemos uma para no mar, ainda fora da área de proteção e preservação, para um mergulho com o objetivo de ver os chapeirões, formações coralíneas únicas em forma de cogumelos ou cérebros que podem chegar a 40m de altura e pescar um dos nossos almoços.

Assim que chegamos fomos imediatamente recebidos por um biólogo do IBAMA que chegou de bote a nosso barco. Ele nos deu as explicações sobre o arquipélago, contou da história do local, falou sobre o trabalho do IBAMA e nos orientou em relação a preservação do local e como fazer um turismo sustentável sem agredir aquela natureza rica, exuberante e fundamental.

Os nossos dias em Abrolhos se resumiam a acordar com o sol, tomar café da manhã, mergulhar pela manhã, almoçar, mergulhar à tarde, tomar banho no barco, jantar e dormir cedo. Ah, rolou alguns mergulhos noturnos também e dois passeios pelas ilhas. Além disso, apenas ouvir o silêncio do afastamento da vida urbana e curtir a natureza. Entediante? Não! Excitante e tranquilizante nas medidas exatas.

Um dos passeios que fizemos foi na ilha Santa Bárbara, a maior delas, que é da marinha. Na época conseguimos descer na ilha porque já saímos do Rio com uma autorização para o desembarque.

  Lá conhecemos o farol construído em 1860 por D. Pedro II, sempre andando com cuidado para não pisar nos diversos ninhos de pássaros espalhados.

A outra ilha que visitamos foi a Siriba e esse passeio foi acompanhado do biólogo do IBAMA. Só assim que ele é permitido, pois a ilha é a base de reprodução dos atobás brancos.

O desembarque não é possível, nem permitido nas outras três ilhas: A Redonda, que é o habitat de fragatas que a utilizam para reprodução, a Sueste e a Guarita. 

Abrolhos é inesquecível, eu agradeço muito ter tido a oportunidade de passar dias incríveis lá e espero que minhas filhas, assim como muitas outras gerações, possam ter a possibilidade de viver essa experiência.

O nome de Abrolhos vem da expressão "Abre Olhos". O navegadores portugueses quando se aproximavam da região alertavam "Abre Olhos", pois os naufrágios ali eram frequentes devido a formação de corais e que dificultavam a navegação. 

Mais uma vez Abrolhos está nos dizendo, aliás gritando, "Abre Olhos" para o mundo que queremos deixar para nossos descendentes. "Abre Olhos" para não naufragarmos na lama da ganância.