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terça-feira, 24 de novembro de 2015

Seja pra quem for, seja doador


Eu fui fazer uma visita ao HemoRio, Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti, e fiquei muito bem impressionada com a qualidade do trabalho, emocionada com algumas histórias que ouvi por lá e triste pelo cenário de doação aqui no Rio.




O nosso cenário de transfusões que já foi caótico, hoje está em um nível que dá orgulho em relação à qualidade e ao controle. Até os anos 80 a doação de sengue no Brasil era remunerada com os bancos de sangue particulares fazendo o comércio de sangue contaminado descaradamente. Com o aparecimento da AIDS, o caso dos irmãos Henfil contaminados por transfusões e uma repercussão macissa  na imprensa a torto e à direita, a doação remunerada foi proibida, os bancos de sangue privados foram desativados e a doação voluntária e controlada passou a ganhar corpo e volume. Com isso os casos de contaminação por transfusão de sangue atualmente caíram para zero.

Durante a visita eu pude saber mais sobre os exames que são feitos para garantir a qualidade do sangue doado e ver os laboratórios de perto.




Mas de qualquer forma o volume de doações ainda é pequeno. Isso ainda é reflexo da nossa história. Começamos com os bancos de sangue somente na Segunda Guerra Mundial, enquanto os outros países deram início já na Primeira Guerra. Começamos com a doação remunerada o que gerava “doadores profissionais”, pessoas que doavam por necessidade e nem sempre com a saúde em bom estado, enquanto nos outros países a doação já começou em caráter voluntário.

Em consequência da nossa história, hoje apenas 1,47% da população do Rio é doadora de sangue. No Japão essa estatística é de 7% e nos países da Europa é de 5%. Precisamos mudar esse cenário e mostrar que o caRIOca é do bem. É triste chegar ao HemoRio e ver as cadeiras vazias esperando por doadores.




Eu fiquei emocionada com as histórias como a da Dona Ana que tem um tipo de sangue raro e já salvou muita gente por aí. Inclusive uma bebezinha recém-nascida de Curitiba que precisou ter o sangue totalmente transfundido. Com uma bolsa do seu sangue, a Dona Ana salvou a vida dessa neném. Vale a pena ter uma história dessa na nossa vida para contarmos pros nossos filhos. Imagina, nós mães que temos o orgulho de dizer que geramos vidas, ainda acrescentarmos a nossa história de vida o orgulho de dizer que salvamos vida?

Diz a sabedoria popular que só temos uma vida completa quando plantamos uma árvore, escrevemos um livro e temos um filho. Acho que essa sabedoria ficaria mais sábia acrescentando e salvamos pelo menos uma vida.




Aproveitem que entre os dias 23 a 28 de novembro, o Hemorio recebe doadores de sangue para a Semana Nacional do Doador de Sangue na unidade (R. Frei Caneca, 8 – Centro/RJ) e também na maior coleta externa durante a semana no Brasil, recebendo cerca de 500 doadores/dia na Cinelândia-RJ, nos dias 25 a 27.

"Não importa a quem, faça o bem
Seja pra quem for, seja doador"




Para comemorar esta data, foi lançado o Hemopics, uma plataforma para mostrar ao doador a importância da sua doação. Por meio do aplicativo, ao tirar uma foto, o usuário saberá o nível de estoque de sangue, incentivando seus seguidores a participarem do movimento de doação de sangue, por meio do compartilhamento da imagem em suas redes sociais.



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