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sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Micose na bunda, ninguém merece!

A pessoa aqui, como a maioria dos cariocas, tem uma relação toda peculiar com a praia. Tipo, carioca não vai pra praia em grupo. Vai sozinho ou com mais uma pessoa e, se for o caso, encontra a galera lá. Carioca tem o seu vendedor de mate, picolé Itália, esfiha, etc., do point e o chama pelo nome. Toda carioca preza, zela, cuida da sua bunda. Sim, bunda é algo de muito valor para as cariocas. Seja ela sarada ou caída, dura ou mole, grande ou pequena (essas são raríssimas), com muitas celulites ou poucas (Não vem que não tem! Olhando bem, alguma celulite toda bunda tem). Por isso toda carioca que aluga aquela cadeira imunda no seu barraqueiro de praia favorito, forra com uma boa canga antes de acomodar o seu patrimônio traseiro. Sacumé, micose na bunda é a derrota total.


Hoje a pessoa aqui que é... tipo... digamos assim... quase neurótica com essa parada de micose na bunda estava na praia e chega uma gringa americana com pouca bunda e muito biquíni, aluga uma cadeira imunda, dessas que já acomodou muitas bundas secas e molhadas, de todas as nacionalidades, e nunca, mas nunquinha mesmo viu um sabão e um escovão, e pá! Se joga sem medo de ser feliz, nem da derrota total que é uma micose na bunda, e acomoda a sua pouca traseira no assento ninho de bactérias sem colocar nem uma toalha, nem uma canga, nada. Assim na maior coragem.


A pessoa aqui já começou a sentir coceira e falou para a minha filha que eu iria dar um toque na gringa. É claro que a adolescente me repreendeu dizendo para ficar na minha, não me meter, que a bunda não era minha, parará, parará, parará. Até dei uma insistida falando que ia aproveitar para gastar o meu inglês, coisa e tal, mas a mensagem final foi: pelamordedeus fica na sua.

Tudo bem, a gringa estava meio atrás da gente, dava pra focar no mar que estava lindo cheio de peixinhos pulando, e abstrair das bactérias que podiam estar se instalando no pouco traseiro americano. Mas, por via das dúvidas faz um pensamento positivo: "Ai Jesus, livra a bunda gringa da derrota total, a micose".


Quando a pessoa já estava quase esquecendo da possível micose na bunda americana, chega uma latina de muita bunda e pouco biquíni, aluga uma cadeira imunda, que já acomodou muitas bundas secas e molhadas, de todas as nacionalidades, e nunca, mas nunquinha mesmo viu um sabão e um escovão, e pá! Se joga sem medo de ser feliz, nem da derrota total que é uma micose na bunda, e acomoda a sua muita traseira no assento ninho de bactérias sem colocar nem uma toalha, nem uma canga, nada. Assim na maior coragem.

A pessoa danou a se coçar e falou que ia lá dar um toque na latina. Claro que a filha mais uma vez a reprimiu, falou que a mãe maluca e metida ia pagar vexame, se não dava pra ficar quieta e não se meter na vida dos outros, blá, bá, bá; blá, bá, bá; blá, bá, bá.


Tá bom, tá bom. Vira um pouquinho de lado, tira a gringa latina do alcance da vista, foca no mar, na galera de SUP, e abstrai das bactérias que podiam estar se instalando no muito traseiro latino. Mas, por via das dúvidas faz um pensamento positivo: "Ai Jesus, livra a bunda gringa da derrota total, a micose".


A pessoa já estava relaxadona curtindo a praia quando chega uma gaúcha do tipo: bah, a água está muito gelada. Bah, a praia está linda. Bah pra cá, bah pra lá, a gaúcha da bunda média com biquíni médio aluga uma cadeira imunda, que já acomodou muitas bundas secas e molhadas, de todas as nacionalidades, e nunca, mas nunquinha mesmo viu um sabão e um escovão, e pá! Ou melhor, e bah! Se joga sem medo de ser feliz, nem da derrota total que é uma micose na bunda, e acomoda a sua traseira média no assento ninho de bactérias sem colocar nem uma toalha, nem uma canga, nada. Assim na maior coragem. E, baaaahhhhh, bem em frente da pessoa neurótica da micose na bunda.


Ah, assim não dá! A pessoa avisou pra filha que não ia se aguentar. Ia dar um toque na gaúcha. Que, inclusive, se a gaúcha precisasse até emprestava uma canga para ela forrar a cadeira. Entre reviradas de olhos e respiradas fundas da filha, a pessoa foi lá e falou com a gaúcha:
- Posso te dar uma dica?! Não senta direto nessa cadeira, não. Se você puder, forra com uma toalha, uma canga, qualquer coisa. Olha só em volta, o pessoal que é daqui forra a cadeira porque elas são assim... meio sujas, sabe? E pode... sei lá... dar alguma micose.
A gaúcha agradeceu, a neurótica aqui da micose na bunda ficou tranquila, a filha sobreviveu ao mico da mãe e o dia lindo de praia seguiu em paz.






Na saída a gaúcha passou pela pessoa neurótica de micose na bunda e falou:
- Tchau guria!
E lá foi feliz balançando a sua média bunda sem risco da derrota total.


Essa historinha toda pra falar duas coisas:
- povo carioca, migs do meu Facebook, quando for dar as recomendações praianas tipo passar bastante protetor, beber bastante água, usar barraca, não deixar objetos de valor na areia quando for para a água, cuidado com celulares, etc., para os turistas estrangeiros ou nacionais, por favor, incluam: se alugar cadeira na praia cubram com a canga antes de sentar porque micose na bunda é a derrota total. Ninguém merece!
- se vocês virem a pessoa aqui com roupa do lado do avesso (isso acontece muito), com o vestido preso na calcinha ao sair do banheiro (isso acontece raramente, mas acontece), com o botão da blusa aberto (rola de vez em quando), ou qualquer outra coisa do gênero, por favor me avisem mesmo que a sua filha adolescente diga que é o mó mico avisar.



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