Páginas

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Mantendo a conexão com as minhas adolescentes




Eu falei no meu post anterior, que acabou saindo com o título "Cadê as mães de adolescentes?", do medo que eu tinha da tal adolescência. Aliás, ainda tenho. Afinal, apesar de a Ana Luiza já estar nos últimos anos desta fase, ainda tenho a Sofia para encarar este período emocionante.

Bom, o meu maior receio com a chegada da adolescência era que acontecesse uma perda de conexão com as minhas filhas. Eu passei a infância delas reforçando os laços de carinho e temia que isso se quebrasse de alguma forma.

Eu fiz para a Ana Luiza um caderno para entregá-la quando fizesse 15 anos.



Neste caderno eu fui escrevendo alguns dos meus sentimentos, contando alguns dos nossos momentos e falando das minhas expectativas para quando ela fosse adolescente, como eu esperava ser como mãe e como eu gostaria que fosse a nossa relação.

Os textos neste "caderno da conexão" começaram a ser escritos em 2001



e o último foi escrito em 2010.




Confesso que com o passar dos anos eu escrevia cada vez menos, mas ainda assim tinha uma boa frequência. E na verdade, o caderno foi entregue antes dos quinze anos da Ana Luiza, bem antes. Não foi porque eu não me aguentei. Foi porque a Ana Luiza achou o caderno, quis saber o que era e me pediu para lê-lo antes. Ela não aguentou a curiosidade.

Enfim, entreguei o caderno. Ela leu todo. Amou. Chorou. Me abraçou. Me beijou. Foi lindo. E acho que foi um ótimo presente meu para nós duas.

Eu até cheguei a começar um caderno para a Sofia. Mas segundo filho, é segundo filho. Praticamente filho de outra mãe. De uma mãe mais tranquila, mais segura, pelo menos isso é. E desta forma, a Sofia ficou sem o caderno da conexão dela. No fundo, no fundo, eu lamento não ter feito o mesmo para a Sofia.

E sim, mesmo sendo uma mãe mais tranquila, mais segura, mesmo já tendo praticamente passado sem arranhões pela adolescência da Ana Luiza e com a nossa conexão reforçada, eu ainda tenho receios dessa possibilidade de estremecimento na minha relação mãe X filha adolescente.

Bom, esta semana me lembrando do caderno da conexão que fiz para a Ana Luiza e não fiz para a Sofia, andei buscando textos sobre "conexão com adolescentes" e acabei chagando em uma matéria sobre um psicólogo americano expert em adolescentes, Mike Rivera, e achei um ponto de vista bem interessante e ótimo para nós pais refletirmos:

"Quando nossos filhos são pequenos, nós começamos como gerentes de suas vidas e ele gostam disso. Quando os filhos se tornam adolescentes eles nos demitem como gerente.

Neste momento muitos pais vão em uma das duas direções:
- Eles lutam para permanecerem como gerentes da vida dos filhos o que resulta em uma luta de poder ou
- Eles apenas deixam as crianças assumirem o comando o que faz as crianças sentirem-se abandonadas. Neste caso, essas crianças anseiam por mais estrutura e muitas vezes acabam ficando em apuros buscando os limites que eles percebem nunca existir."

Nem um dos dois caminhos é bom. Mas então qual seria o ideal?

O especialista recomenda que nos tornemos os consultores. Que de gerentes da vida dos filhos crianças passemos a ser os consultores na vida dos filhos adolescentes. Que de controladores na vida dos filhos crianças passemos a ser os influenciadores na vida dos filhos adolescentes.

Segundo ele, os nossos filhos precisam de nós lá, mas eles não querem reconhecê-lo. Tá, isso nós sabemos, né? Assim devemos estar presentes e trabalhando no nosso ponto de ação que é a influência. Por isso precisamos nos concentrar nisso e ser mais estratégicos sobre como influenciamos.

A frase que está no site do psicólogo, Ph.D, escritor de alguns livros, que já esteve no programa da Oprah falando sobre adolescência e outras coisinhas mais é:

"Parenting a teenager means thinking more in terms of influence than control -- easy to say, tough to do."

"Cuidar de um adolescente significa pensar mais em termos de influência do que de controle -- fácil de falar, difícil de fazer."

Concordo. Concordo que devemos focar mais no nosso poder de influência. Concordo também que isso é muito mais fácil no discurso do que na ação. Mas vamos tentando, refletindo e agindo. 

4 comentários:

  1. Adorei sua ideia do caderno de conexão. Acho que deve ter sido um momento bem especial para vocês quando ela ganhou. caderno. Quem sabe me animo e faço isso por aqui também. Meu filho ainda é pequeno mas vejo amigas com adolescentes e cada uma tem sua receita. Se tudo funciona eu não sei, mas acho que saber ouvir faz toda a diferença na construção do relacionamento com os filhos.

    ResponderExcluir
  2. Vou confessar que meu maior medo em relação ao filho é exatamente esse: perder ou enfraquecer nossa conexão. Meus esforços são no sentido de construir uma relação em que ele sempre se sinta seguro para conversar comigo. Achei a ideia do caderno sensacional! Super a minha cara! Mas o blog (e as poesias, no meu caso) também podem servir para isso, não achas?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Talita, meus esforços também são todos neste sentido. Acho sim que o blog e as poesias servem muito para isso, assim como os nossos gestos do dia a dia. No meu caso quando eu comecei o caderno eu não tinha blog. E o caderno ficou uma coisa mais só dela, só para ela, já que o blog é aberto e todos acabam acessando.

      Excluir
  3. O caderno da conexão, guardadas as devidas proporções, já me passou pela cabeça como uma caixinha do tipo cápsula do tempo, mesmo com a Melissa tendo apenas 5 anos, eu gostaria de mostrar várias facetas do que passo com ela, dos meus sentimentos para que ela redescubra a mãe, anos mais tarde. Quem sabe tiro do papel e faço com o mesmo intuito que o seu: reforçar vínculos e conexões

    ResponderExcluir