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quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Em busca do cinema



Mais um "causo" da pessoa contato no Fabcebbok que vem para o blog para ficar guardado e de fácil localização.


A pessoa escolhe aproveitar o feriado indo ao cinema. Compra o ingresso na internet, imprime em casa e vai. Simples assim. Chega ao cinema com antecedência suficiente para comprar a pipoca, afinal cinema sem pipoca é tipo "avião sem asa, fogueira sem brasa, futebol sem bola", namorar sem beijar. Não rola! 

Sendo assim, a pessoa compra o seu saco de pipoca, pendura a bolsa no braço esquerdo, segura a pipoca com a mão esquerda e o ingresso (aquela folha de papel A4 impressa em casa) entre os dedos da mão esquerda. Na mão direita está o refrigerante porque pipoca sem refrigerante é tipo "Piu-Piu sem Frajola, Bochecha sem Claudinho, Circo sem palhaço", namorar sem beijar. Não rola. Ainda na mão direita, entre os dedos, está o pacotinho de sal para a tal pipoca. 

Com esta sensação muito comum de que houve um desvio na natureza que deu mais braços ao polvo do que às mulheres, já que está na hora de começar a sessão, a pessoa se encaminha para a sua sala. Mas qual é mesmo a sala? "Por que não viu esse detalhe antes?", a pessoa se pergunta. Buscando um dom malabarístico, com o dedinho mindinho da mão direita abre o papel do ingresso que está entre os dedos da mão esquerda e tenta descobrir a sala sem derrubar nenhuma pipoca (não dá para desperdiçar), nem o refri. 

Sala 5! Lá vai a pessoa olhando meio para o alto em busca da sala 5. De repente o semblante de pessoa atrapalhada ligeiramente apressada vai se transformando em um semblante de pessoa confusa ligeiramente perdida. "Cadê a sala 5 desse cinema? Sequestraram a sala 5? Com a crise fecharam a sala 5?" Perguntas internas surgem, mas o mais provável é que a pessoa tenha visto o número errado. Mais uma sessão de malabarismo e confirma que realmente a sala é a 5. "Mas este cinema não tem sala 5!" 

Mas esta rua tem outro cinema NET. Eureca! A pessoa descobre então que está no cinema errado. Sai correndo com a bolsa que está pendurada no braço esquerdo balançando, a pipoca na mão esquerda saltitando como se estivesse na panela aberta e deixando um rastro no caminho como se fosse os miolos de pão que o Joãozinho deixou para marcar o caminho na floresta (lembrar das histórias infantis é cacoete de mãe que já contou 9.999 vezes cada uma delas), o refri da mão direita levantando gás com o sacolejo e fazendo do pacotinho de sal uma papa.
Finalmente a pessoa chega esbaforida, mas chega, ao cinema certo, na sala certa e a cadeira certa. E lá está uma senhora sentada em seu lugar. 

Mas quem vai se importar?! Afinal, a senhora naquela idade acertou o cinema, coisa que não é fácil já que são dois na mesma rua e com o mesmo nome (sim o mesmo nome só muda o sobrenome, mas quem se liga em sobrenomes hoje em dias?) e a sala. Deixa a senhora lá e senta em outro lugar porque os trailers acabaram de acabar e o filme começou a começar. 

A pessoa senta, relaxa e se identifica com o filme em vários pontos. Na hora que o pai Homero fala para a filha Rosa sobre a importância de rir de si mesma, a pessoa imagina a cena daquela "pessoa" que vai para o cinema errado e sai correndo pela rua deixando quase toda a pipoca pelo caminho.
Enfim, "Quem se diz muito perfeito / Na certa encontrou um jeito insosso / Pra não ser de carne e osso" trecho da música de Zélia Duncan que o Pedro diz para Rosa. 

Ah, qual o filme? "Como Nossos Pais".




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