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sábado, 21 de julho de 2018

Filme Primavera em Casablanca


Eu falo muito por aqui no blog do quanto eu gosto de filmes franceses. Quando rola o Festival Varilux eu fico louquinha querendo assistir a todos. 

Nesse ano um dos filmes do festival que eu mais queria ver foi "Primavera em Casablanca", mas não consegui.

Depois fui convidada para a Cabine de Imprensa e também não consegui, mas a minha amiga Márcia foi tanto na cabine quanto no festival e contou como foi. 




Sinopse: O filme "Primavera em Casablanca" é narrado de forma intercalada em dois tempos. Em 1982, acompanhamos o professor berbere Abdallah (Amine Ennaji), que dá aulas para crianças numa pequena vila montanhosa. Com a reforma educacional que aboliu a filosofia e a sociologia (trocadas pela educação islâmica) e impôs o árabe como língua nacional, ele se vê impossibilitado de lecionar.
Já em 2015, outros personagens acabam se cruzando nas ruas de Casablanca – ao final, todas as narrativas vão colidir. Tem a mulher que sofre com o conservadorismo atual (e isso se reflete também na relação com o marido machista); o jovem gay que sonha ser um novo Freddie Mercury e é rechaçado pelo pai; a adolescente de classe alta que não encontra seu lugar no mundo; o homem judeu que tenta viver como lhe convém, a despeito dos conflitos étnico-religiosos.


Tive o prazer de conhecer o diretor Nabil Ayouch (radicado no Marrocos há 20 anos ) durante o Festival Varilux de Cinema Francês e ouvi-lo em debate. Também estava junto a atriz principal e co-roteirista do filme. Então, nada melhor do que passar o que eles falam do filme e do Marrocos: 

- Para Ayouch, Primavera em Casablanca é basicamente um filme sobre como uma geração mudou por causa da educação. “Nos anos 1980, havia muito mais liberdade no país.” A onda de conservadorismo que tomou o Marrocos nesta década foi o ponto de partida do filme. Ele ainda diz que quis focar nas várias reações humanas com relação à opressão: indiferença ou alienação, violência, confronto, desesperança, fuga.

- O longa anterior de Ayouch, Muito amadas (2015), sobre um grupo de prostitutas marroquinas, foi banido do país. “E não foi apenas proibido. Houve uma campanha muito grande contra nós. Isso acabou me levando a questionar meu lugar no Marrocos e de onde esta onda de ódio poderia vir. Por isso, quis fazer um filme sobre pessoas que lutam contra opressão, seja ela religiosa, social ou familiar.”

- A atriz e roteirista Maryam Touzani, que interpreta Salima, mulher de classe média-alta que questiona seu lugar num mundo patriarcal, utilizou muito da experiência pessoal para compor a personagem. “A mulher não pode se comportar no espaço público como em sua casa. Para se vestir, você tem que pensar se a saia está curta demais, se o decote está grande. Mas não é só uma questão da roupa. Querem impor uma ideologia para as mulheres, restringir seu espaço, fingir que você não existe. Vejo muitas mulheres da minha idade que desistem, pois é difícil resistir. Muitas que querem andar na rua e não querem ser insultadas ou tocadas decidem se cobrir para evitar isso.” Maryam, assim como sua personagem no filme, escolheu o caminho da resistência. “Soa estranho falar disso quando se está no Brasil. Mas essa é a nossa realidade hoje.”

- Primavera em Casablanca conseguiu ser exibido no Marrocos mas foi proibido no Egito por causa do personagem judeu. “Fazer filmes no Marrocos é relativamente fácil. Quando se fazem filmes leves, você consegue apoio do Estado. Se não (como foi no caso dele), tem que encontrar dinheiro na Europa”, comenta Ayouch. 

- Mesmo com o avanço do conservadorismo e as dificuldades enfrentadas nos últimos anos, o cineasta não pensa em deixar o país. “Não entendo uma série de atitudes, mas amo o povo marroquino. São pessoas generosas, muito parecidas com os brasileiros. E acho que quando você pertence a um lugar, tem que ficar e lutar”, finaliza.

O filme estreou nesta semana, no dia 19 de julho, e agora é claro que eu não vou perder a oportunidade de assisti-lo na telona. 






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