Uma mãe de cabelo em pé

Uma coisa que me deixa de cabelo em pé é a tal da semana de provas. A Sofia ainda não passa por essa famigerada semana, mas em compensação, a Ana Luiza tem várias dessas semanas no ano. E estamos atravessando uma das muitas.

Justamente por ser muito responsável e se cobrar demais, a Ana Luiza fica tensa, estressada com o conteúdo das provas. Quer que eu estude com ela, que eu fique à disposição, caso ela tenha dúvidas e coisa e tal, acha que eu tenho que saber tudo. Juro me deixa de cabelo em pé.


Eis que hoje a Ana Luiza estava no quarto estudando história no maior silêncio, tranquila e sem me chamar.

Bom, mesmo a Ana Luiza sendo muito responsável, dedicada, esforçada e persistente, sabe como é concentração de adolescente, né? Então, a mãezinha aqui não se conteve. Como quem não quer nada, passou pela porta para ver a quantas andava o estudo da filha e vislumbrou a seguinte cena:

Como é necessário dar autonomia para a filha, confiar, deixá-la assumir as responsabilidades e consequências dos seus atos, eu voltei para sala e deixei rolar.

Alguns minutos se passaram e a mãezinha aqui, em cócegas, não se conteve, passou mais uma vez na porta do quarto e se deparou com a mesma cena. 

Aí os meus cabelos começaram a se arrepiar e adentrei, a passos firmes, no recinto sagrado da adolescente. Foi nesse momento que me dei "duplamente mal". A filha olha e diz:

- Eu estou estudando no iPhone. Olha só, eu fotografei todos os cartazes que estão na sala de aula com a matéria que vai cair na prova. Já estudei tudo que está no livro e agora estou revendo os cartazes.

Tóóóóóinnnn! A mãe quebrou a cara, mas ficou transbordando de orgulho da filhota linda.

- Que legal, filha! Parabéns! Gostei da sua ideia.

- Aproveita que a Sofia está jogando com o meu pai e você não tá fazendo nada, tá só andando pra lá e pra cá, e senta aqui e revisa a matéria comigo. Você explica muito bem e eu gosto quando você estuda comigo.

Tóóóóóinnn! Tudo o que essa mãe NÃO queria, depois de um dia inteiro de trabalho, era estudar a Reforma Protestante. Mas quem manda não ter nada para fazer e ficar perambulando a esmo pela porta do quarto da filha. Agora fica assim, de cabelo em pé.

Dessa vez eu fiquei de cabelo em pé porque quis. Quem mandou procurar, né?
Mas, mais do que de cabelo em pé eu fiquei orgulhosa e feliz com a minha Ana Luiza.