Foi assim que me deparei com o livro "Adulta sim, madura nem sempre, de Camila Fremder.
E o que o fez esse livro saltar aos meus olhos diante de tantos outros? Foi o título. Sim, assim que vi o título pensei: preciso ler esse livro para ver se entendo melhor alguns comportamentos de algumas pessoas ao meu redor que insistem em não amadurecer.
Pois é, eu tão madura, já comecei a me identificar no prefácio. Sério? Por que esse povo não gosta mais de falar ao telefone?! É tão bom ouvir a voz do outro, ter uma conversa que flui, que vai do início ao fim desdo o Alô até o Tchau! Coisa chata esse de conversas pingadas entre áudios que podem ficar sem resposta, entrecortada entre textos com assuntos diferentes.
Para mim a transição para avida adulta foi acontecendo naturalmente sem grandes dramas existenciais. Não tive essa de que me tornar uma pessoa adulta é uma coisa um tanto complicada. E olha que eu saí do ensino médio para a faculdade com mudança de cidade, indo morar sem a família, tendo conta em banco e cuidando de mim. Como eu morava em cidade pequena desde sempre eu soube desse caminho. Sabia que ao terminar o ensino médio teria essa mudança aparentemente radical, porém já sabida, e por isso eu acho que não tive muitos questionamentos. Já estava encrustado em mim que isso aconteceria.
Mas ao ler as crônicas bem-humoradas fui me identificando. Ah as sessões da tarde... muitas vezes, ao voltar do horário do almoço e iniciar o meu segundo turno no trabalho e senti saudades delas. Ficava pensando como era bom voltar da escola, tomar banho, almoçar o almoço pronto, fazer os deveres de casa e depois simplesmente me jogar no sofá e assistir ao filme do dia. Filme vistos e revistos várias vezes que depois eu ainda assisti com as filhas com a desculpa de mostrar para elas os filmes que eu gostava.
Pensando bem... ou paginando mais... a vida adulta tem a seu romantismo, as aventuras que a liberdade financeira te permite, as comédias que as mesas dos bares revela, mas tem seus terrores também.
Ufa, dessa eu escapei! Não me reconheci como adulta. Não sou a fiscal da vizinhança. Pera aí... mas também não sou mais a vizinha pesadelo. Ou será que na minha adolescência eu fui uma vizinha pesadelo?
Minha filha me disse que queria ir ao Coachella. Coaaaaoquê? Justamente eu que era tão antenada. Sabia tudo de programação que rolava no Rio, tinha toda a programação das Micaretas e dos grandes festivais e shows que rolavam no mundo. E isso em épocas que para acessar essas informações era através de jornal impresso ou boca a boca. Nada de redes sociais...
Na minha versão da crônica "Reality Show" eu traria o dia em que meu marido abriu a porta e eu com a Ana Luiza nos braços o recebi com a seguinte pergunta: "você já cagou em paz hoje? Por que eu ainda não?".
Durantes suas crônicas autênticas a autora vai falando de amizade, amor, maternidade, vida financeira. Tudo com leveza e vai nos mostrando que podemos levar os confrontos e desafios da vida adulta com bom humor, descontração, aprendizado e ainda escrever um livro.
"Adulta sim, madura nem sempre" foi um leitura fluida, daqueles livros que comecei e não parei. Um livro que caiu nas minhas mãos para eu enxergar o outro e acabei me vendo.
Sinopse: "A vida adulta chega de uma hora para outra e nem sempre estamos preparados para ela. E tudo bem. Um dia você é a jovem moderna que ouve música alta e incomoda a vizinha. Num piscar de olhos é você quem está interfonando para o porteiro e reclamando, aos berros, do som da garota que mora no andar de cima. O que aconteceu? Simples: a vida adulta chegou. Quer dizer, não tem nada de simples.Como Camila Fremder mostra neste seu novo livro, a vida adulta costuma chegar de uma hora para outra, sem avisar, sem um curso preparatório, sem nada. Ou pelo menos é assim que a gente se sente. E a consequência disso é muito estranhamento, reflexões e boas risadas. Saem de cena as noites agitadas e os dias sem grandes preocupações, sendo substituídos por fraldas (no caso de quem tem filho), boletos e muita paranoia com a aparência. Com observações perspicazes e bom humor, Camila nos ajuda a entender e aceitar melhor essa transição. Um livro que você não vai conseguir largar. A menos que o bebê acorde ou esteja na hora de você correr para o batente. ".