Estreou hoje nos cinemas mais uma adaptação do clássico da literatura alemã, "Berlim Alexandreplaz que eu tive a oportunidade de conferir na cabine virtual,
No romance original, escrito por Alfred Döblin, o protagonista é um ex presidiário que acabou de cumprir pena por assassinato e se vê livre para recomeçar a vida como um homem bom. Porém, o cenário de uma Alemanha enfraquecida pós Primeira Guerra Mundial, com poucas oportunidades para quem busca se reerguer, torna mais difícil a trajetória de Franz.
Essa nova versão, com três horas de duração, apresenta um cenário mais atual da Alemanha. Traz um refugiado da Guiné-Bissau como protagonista, Franz. Na verdade Francis. Após fugir da África Ocidental, o homem cheio de sonhos de uma vida próspera se estabelece em Berlim, uma cidade, a princípio, próspera, sendo das mais estáveis da Europa e com oportunidades de sobra.
Mas as oportunidades não são as mesmas para quem chega sem passaporte, sem visto de trabalho, sem cidadania alemã. Diante dessas condições o cenário é outro, as portas estão fechadas, as oportunidades de trabalho são exploradoras e desumanas. O sonho de uma vida decente parece distante e praticamente impossível. E tem pessoas que sabem muito bem disso. E sabem como explorar quem chega desamparado, fragilizado pelo passado, mas com força para um futuro.
É assim que Francis em um momento em que se agarra ao último fio de esperança de uma vida digna acaba se envolvendo com acaba se envolvendo com Reinhold, um traficante desiquilibrado e manipulador. O misto de inocência com desejo de ser reconhecido e respeitado como cidadão alemão faz Francis acreditar e se deixar levar e se perder do seu objetivo inicial. Afinal tem como ser um homem bom e deixar de ser visto como um refugiado? Ou teria que escolher entre um ou outro caminho?
Na caminhada de Francis, acaba sendo rebatizado como Franz, e encontra figuras importantes na sua trajetória, como Mieze, uma prostituta pela qual se apaixona; Eva também de origem africana e dona de um clube.
O longa é um drama forte, não muito fácil de assistir. Trata de assuntos pesados como a questão dos refugiados na Europa, prostituição, escolhas ou falta de escolhas, manipulação, psicopatia, drogas. Mas ao mesmo tempo prende o expectador. Causa uma certa tensão e cria a expectativa sobre os próximos passos dos personagens. Será que Franz-Francis vai abrir os olhos e enxergar quem realmente é Reinhold? Será que Franz-Francis vai encontrar o seu caminho original e ser o homem bom que ele quer ser?
Sinopse: "Francis sobreviveu à sua fuga da África Ocidental. Quando ele acorda em uma praia no sul da Europa, ele está determinado a viver uma vida normal e decente de agora em diante. Mas ele acaba na Berlim atual, onde um apátrida sem permissão de trabalho é tratado tão impiedosamente. O imigrante inicialmente resiste a uma oferta de traficar drogas, mas depois fica sob a influência de Reinhold, seu amigo neurótico e viciado em sexo que o acolhe. Quando Francis conhece Eva, a dona do clube, e a prostituta Mieze, ele sente que encontrou algo que faz sentido pela primeira vez, algo que ele nunca conheceu antes: um pouco de felicidade - que é exatamente o que Reinhold o inveja e fará tudo para destruir. Esta é uma versão contemporânea da obra clássica Berlin Alexanderplatz e também trata da sociedade e dos forasteiros, do desejo e da farsa. Não diferente da versão de Fassbinder, o épico de Qurbani é uma viagem sombria pela "noite escura da alma" - não menos por conta de suas imagens autênticas e atmosféricas da cidade de Berlim. Destaque na programação da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.".
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