segunda-feira, 8 de maio de 2017

Adolescência e a tal popularidade

Minha filha mais nova está com seus quase doze anos. É exatamente nesta fase, dos onze aos treze anos, que surge a questão, que eu acho bem chata, dos populares e não populares.

Pelas nossas conversas em casa eu percebi que a turma da Sofia já começou a se dividir nos grupos dos pops e nem tão pops assim. O que me levou a pensar em como essa coisa de popularidade funcionava para mim quando eu era adolescente. Afinal, nada melhor do que nos lembrarmos de nós mesmos para entender melhor o que os filhos estão passando e sentindo. Relembrei também como foi esta questão para a Ana Luiza nesta época.

Falando de mim eu acho que me enquadrava no grupo que não era os mais pops da escola, nem era do grupo dos menos pops. Não me reconhecia popular e também não me sentia rejeitada, nem excluída por ninguém. Na verdade eu me sentia bem com a minha turma, tinha os meus amigos, a vida social e não dava importância aos tais populares. Na verdade não dava elegibilidade a este título.

A coisa de populares e não populares me parecia mais história de filmes onde as populares eram malvadas e se davam mal no final. Coisa que acontecia nas escolas americanas. Mas na verdade acontecia sim na minha escola, em menores proporções, mas rolava.

Conversando com a Ana Luiza em como ela se sentia e me lembrando de como ela trazia (praticamente não falava do assunto) a questão da popularidade para casa, percebi que ela se enquadrava exatamente como eu. Não se percebia popular, não sentia a necessidade de ser popular, e também não se sentia excluída. Tinha os seus amigos, a vida social, era convidada para as festas que queria ser e não fazia questão de ir às festas em que não era convidada. Se sentia bem na sua turma.

Essa eu entendo que é a situação ideal. Se bem que o ideal, ideal mesmo é que não rolasse o grupo dos populares nem dos não populares e que todos estivessem no meio do caminho.  Mas não é assim que a banda toca sempre.

E é impressionante como a questão da popularidade importa muito para a maioria dos adolescentes.

A ideia de ser apreciado e aceito pelos amigos, por muitos amigos, é tão importante para os adolescentes, que já estão cheios de incertezas e inseguranças, ​​que muitas vezes acreditam que se tornar popular vai resolver muitos dos problemas da vida. Que ser popular é ser feliz. E a busca por ser popular pode ter consequências.

Por outro lado não se enquadrar no grupo dos populares pode reforçar mais ainda as inseguranças e criar um sentimento de rejeição e infelicidade nos teens. 
E eu entendo que nós pais precisamos ficar muito atentos a essa fase. Mais uma das muitas questões que temos que dar atenção, né? Muitas vezes nós pais ficamos tranquilos quando vemos que nossos filhos são aceitos, têm uma vida social legal e cheia de amigos. Mas a popularidade também exige um olhar atento. Por quê?

Populares

Uma vez que o adolescente entra no status de popular, ele passa a querer proteger esse posto e querer se manter ali. Isso pode criar novos níveis de angústia e insegurança. Já vi isso gerar brigas quando um popular se sente ameaçado por outro. Na época da Ana Luiza eu vi uma menina ficar muito abalada por ter sido excluída por uma popular que se sentiu ameaçada por esta menina. No ano seguinte a tal popular perdeu a batalha pelo posto, entrou em depressão e acabou mudando de escola. 

Na busca por ser popular, estar no grupo dos populares, algumas vezes o adolescente se afasta do amigo ou amiga que gosta porque este não é aceito. Isso, além de trazer tristeza para os dois, reforça a insegurança e enfraquece a autoestima.

Ser popular, para o adolescente, significa ser cool, ser antenado e "não ser criancinha". Com isso, muitos agindo de forma a manter seu nível de popularidade fazem coisas que não são adequadas para a idade. Na maioria das vezes são os populares os primeiros a começarem a beber (já soube de criança de doze anos bebendo cerveja para tirar onda de popular). 

Eu andei olhando algumas matérias sobre esta questão da popularidade na adolescência e encontrei uma pesquisa Canadense, de 2010, chamada "O preço da popularidade: consumo de drogas e álcool" que relaciona o consumo de álcool e drogas com a necessidade de ser popular dos adolescentes. Duro, né?


Por outro lado nós pais, ficamos preocupados se o filho não é bem aceito, se é rejeitado. Isso dói na gente. Dói muito. E precisamos ficar atentos ao que os adolescentes estão sentindo.

 

Unpopular


Alguns podem assumir o papel de não popular e ficarem cada vez mais isolados, tristes e sozinhos. A falta de popularidade pode atingir tanto o emocional de um adolescente a ponto de prejudicar o desempenho na escola. 

Outros, por sua vez, podem buscar a tal popularidade de tal forma a mudarem a sua personalidade e se submeterem a imitar e copiar atitudes que não estão de acordo com os próprios valores. 

Sendo assim, esse lance de populares e não populares pode bater na nossa porta a qualquer momento, entrar na nossa casa e ficar rondando por ali durante toda a adolescência e o período escolar até eles irem para a faculdade. E precisamos ajudar os nossos filhos.

5 Dicas para os pais 


1 - Ficar atento ao que está acontecendo com nossos adolescentes. Em qual grupo eles estão? Estão satisfeitos ali? Qual o esforço que estão fazendo para se manter ou mudar de posição?

2 - Conhecer a turma de amigos e observar os amigos novos que surgem e os antigos que saem do círculo de amizades. Procurar saber por que aquele amigo que vinha sempre na nossa casa agora não vem mais. Perceber como os adolescentes se sentem em relação aos amigos.

3 - Incentivar as amizades positivas. Mostrar a importância dos relacionamentos baseados no respeito mútuo. Facilitar o convívio com aqueles amigos legais, permitir que o adolescente traga os amigos para sua casa.

4 - Não elogiar demais os amigos legais, nem criticar muito abertamente os amigos que não são boas influências. Isso pode ter o efeito oposto.

5 - Conversar sobre a questão da popularidade e não popularidade. Mostrar que popularidade e amizade são coisas bem diferentes. A popularidade é política, enquanto a amizade é pessoal. A popularidade é mais uma questão de posição, enquanto a amizade está ligada ao relacionamento em si. A popularidade é mais superficial, enquanto a amizade é mais verdadeira. A popularidade passa, a amizade fica.



A Autora:
Chris Ferreira

Chris Ferreira

Eu, uma mãe integral mesmo trabalhando em horário comercial, que procura equilibrar os diferentes papéis da mulher com prioridades e alegria.

Acredito que podemos levar a vida a sério, mas de forma divertida e é isto que eu tento mostrar no blog.

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3 comentários:

  1. Ótimo texto. Eu também não ligava muito para essa coisa de popularidade quando era adolescente. Até ganhar um concurso de poesia e me tornar bem popular no colégio. Lembro que quase deixei isso atrapalhar algumas amizades. Mas minha mãe chamou minha atenção e tive tempo de reverter,

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  2. Eu nunca fui popular não, alias me achava mega estranha haha e tinha meus amigos, que eram muito especiais, então nunca achei ou senti necessidade de ser mais do que eu era!!

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  3. Sabe o que eu acho mais estranho nisso tudo? A gente fala que tem que ser diferente, tem que se destacar e no final se não for igual acaba não sendo popular ou pior, acaba sendo o estranho, aquele que sofre bullying.

    http://www.arianebaldassin.com

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