sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Livro "A Casa do Califa - Um Ano em Casablanca"


Algo que muda o meu caminho é uma livraria. Gosto de entrar, olhar, sentir o cheiro. Quando a livraria tem um café, eu não resisto. Gosto de pegar um livro aleatoriamente que tenha me chamado a atenção por um motivo qualquer, sentar no café, ler algumas páginas enquanto saboreio algo. Já contei isso neste post AQUI. Na maioria das vezes acabo adquirindo o tal livro e terminando a leitura para casa. 

Tenho feito isso muito pouco. Na verdade desde que começamos esse período sem fim de quarentena, isolamento e distanciamento, essa foi a segunda vez que entro em uma livraria. E a primeira que me sento no café. 

Entrei e fui direto para a minha bancada preferida, a de livros de viagens. Sempre encontro sonhos por ali. Uma capa me chamou a atenção atraída pelos meus dias no Marrocos: "A Casa do Califa - Um Ano em Casablanca". 

Livro "A Casa do Califa - Um Ano em Casablanca"


E funcionou. A leitura que começou no café terminou em casa.


Tahir Shah, um escritor inglês, casado e com dois filhos pequenos está cansado da vida padrão na Inglaterra. Ele quer oferecer mais vivência, mais cores, mais espaço, mais natureza, mais emoção para seus filhos. Ele tem recordações de suas viagens no Marrocos com a família  quando era criança. Nunca se esqueceu do lugar. 

Bom eu já tinha estado no Marrocos no Epcot Center na Disney com as minhas filhas. Elas até têm o carimbo na passaporte da Epcot. Lá, nessa pequena mostra, eu já tinha me encantado com as cores e os azulejos. No início desse ano eu fiz uma raod trip pelo Marrocos que não sai da minha mente. 

Eis que Tahir convence a sua esposa a mudar para o Marrocos. Entre viagens para escolher onde morar: Fez, Marrakech, um período de desistência do sonho, chega a oportunidade de comprar uma casa em Casablanca e ela abraça. Mas essa não é uma casa qualquer. 

A casa é um verdadeiro oásis. Tem cerca de 22 cômodos, jardins internos, quadra de tênis, piscina, cômodos trancados, histórias passadas, três caseiros em anexo e muitos djinns (espíritos malignos mencionados no Alcorão.). Somado a isso a casa está localizada na entrada de uma favela e está caindo aos pedaços por ter ficado em torno de 10 anos sem moradores. Precisa de uma reforma geral para ter um mínimo de conforto e ser habitável. 

Tahir e sua família se instalam em um único cômodo e iniciam o processo da reforma da Casa do Califa. 

É exatamente esse primeiro ano de vida tumultuada no Marrocos, entre reforma da casa, conhecer e se adaptar a cultura, expulsar os djinns da casa, se fazer ser respeitado pelos seus funcionários, descobertas sobre seu avô, que quando ficou viúvo se mudo para o Marrocos por ter sido o único lugar para onde ele nunca havia viajado com sua adorada esposa; ele viveu por anos em Tânger antes de ser morto por um caminhão de entrega da Coca-Cola, que Tahir relata no seu livro "A Casa do Califa".

A escrita de Tahir me encantou e envolveu. Momentos que de tão esdrúxulos para nós de cultura ocidental se tornam até engraçados. Outros, envolvendo a cultura, a fé, alguns rituais islâmicos me pareceram angustiantes. Por muitas vezes me fez pensar: como ele não desiste? Como ele consegue se adaptar a todas as adversidades e conviver, e ainda achar certa graça, com os caseiros, o imã, o gângster na rua e os moradores de favelas em sua porta?  Exatamente por que ele enxerga alma, vida, movimento em tudo isso e por causa desse olhar Tahir não desistiu e mora em Casablanca até hoje. 

Como eu não conhecia o autor, fui pesquisar: "Tahir Shah é um autor, jornalista e documentarista britânico de ascendência afegão-indiana autor de quinze livros, muitos dos quais narram uma ampla gama de viagens bizarras pela África, Ásia e Américas. Para ele, não há nada mais importante do que decifrar as entranhas ocultas das terras por onde passa. Evitando percursos turísticos bem conhecidos, ele evita monumentos famosos, preferindo se posicionar em uma esquina movimentada ou em um café empoeirado e observar a vida passar. Insistindo que todos nós podemos ser exploradores, ele diz que podemos encontrar maravilhas onde quer que estejamos - é apenas uma questão de ver o mundo com novos olhos."

Acredito plenamente que as maravilhas estão ao nosso redor, precisamos apenas apurar o olhar.


Você pode me encontrar também
A Autora:
Chris Ferreira

Chris Ferreira

Eu, uma mãe integral mesmo trabalhando em horário comercial, que procura equilibrar os diferentes papéis da mulher com prioridades e alegria.

Acredito que podemos levar a vida a sério, mas de forma divertida e é isto que eu tento mostrar no blog.

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6 comentários:

  1. Achei interessante a descrição do livro. Eu também adoro ler e desde que descobri numa feirinha de fim de semana uma banca com edições mais antigas, perco-me por lá. Como os livros são bem baratos é uma maravilha poder escolher e arriscar e tenho-me aventurado em autores que não era habito ler.

    Coisas de Feltro

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    Respostas
    1. Ah... essas feirinhas. Queria eu uma perto de mim para eu me perder.
      beijos
      Chris

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  2. Respostas
    1. Oi Gracinha, eu também estava lendo pouco. Mas essa quarentena me fez melhorar um pouco o meu ritmo de leitura.
      beijos
      Chris

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  3. Esse lido parece demais, Chris. Curti bastante o fato de ser ambientado em Marrocos.

    Beijo.
    Cores do Vício

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    Respostas
    1. Oi Pathy, comprei justamente por ter se passado no Marrocos.
      beijos
      Chris

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