Já que o dia hoje começou meio estressante depois de uma noite mal dormida no hospital (está tudo bem), vai uma história da pessoa para relaxar.
A pessoa é do tipo que adora um encontro inesperado. Fica realmente feliz quando esbarra com aquele amigo ou amiga pelo seu caminho. O percurso diário casa-trabalho fica com o ânimo renovado quando ao entrar no metrô se depara com aquela amiga de faculdade que perdeu o contato, apesar das redes sociais. Aquela conversa "Nossa, há quanto tempo?! O que você tem feito?" torna o caminho que seria feito no piloto automático cheio de novidades. A volta para casa fica mais divertida quando inesperadamente encontra uma amiga, que apesar de manter contato, se vê pouco, porque ela mora no outro lado da cidade. Aquela conversa "Nossa, o que você está fazendo por aqui? Que bom te ver!" torna o caminho, que com o peso de um dia cheio, mais leve.
A pessoa gosta tanto desses encontros inesperados que é capaz de mudar o seu percurso apenas pela possibilidade de encontrar alguém. Isso mesmo, vou explicar. A saída A do metrô é a mais perto da casa deste ser comunicativo, mas mesmo quando ela está no vagão mais próximo desta saída, aquele que a deixa ao pé da escada do que seria a sua saída, a pessoa caminha até a saída B e faz o caminho mais longo. Mas por que isso? Seguindo dica de saúde para colocar o corpo em movimento? Não. Até funciona para isso também, mas não é este o propósito que motiva a pessoa a caminhar um quarteirão a mais (ou melhor, dois. Um debaixo da terra e outro por cima). O que faz a pessoa andar este quarteirão a mais (e olha que é um quarteirão digno do substantivo no aumentativo, um quarteirão que vale por três) é que ele é cheio de bares e restaurantes, e normalmente tem alguém conhecido por ali.
Sim, a pessoa segue passo a passo na expectativa de ouvir alguém chamando, ela virar, dar aquele sorriso, bater um papinho de 10 minutos e seguir seu destino.
E acontece muito. Foi assim que ao do metrô e começar a caminhar pela calçada, logo ali no primeiro restaurante, ouviu: "Kitaaaa!". Ops, alerta! Se chamou de Kita é alguém da época de escola, de adolescência, de faculdade. Conserta a coluna, estica o pescoço, gira a cabeça quase como uma coruja e identifica quem a chama. Duas amigas de época de escola em Cabo Frio. Sorrisos, "Que bom ver vocês aqui!", senta e começa a bater papo até o celular vibrar com a mensagem "Chegamos! Já estamos aqui te esperando para pedir o vinho.". A mensagem vinha de duas outras amigas da época de trabalho que estavam no bar lá na saída A conforme tínhamos combinado.
Isso mesmo, a pessoa gosta tanto dos encontros inesperados que é capaz de aumentar o seu caminho, mesmo já tendo um encontro marcado. O único problema é que nem sempre a memória ajuda. Algumas vezes, e cada vez mais, o ser que vos fala encontra alguém que conhece, que tem certeza absoluta que conhece, mas não se lembra de onde, nem o nome. O que a pessoa tem feito? Dá um jeito de fazer uma foto do amigo ou amiga que insiste em lhe escapar da memória e manda pelo WhatsApp para meia dúzia de amigas de origens diferentes com a pergunta: "De onde eu conheço?". Na maioria das vezes a memória é salva pela tecnologia e a ajuda das amigas.
Também acontece de a pessoa estar parada em uma esquina qualquer e ouvir uma voz conhecida atrás. O alerta de alguém conhecido por aqui acende, a pessoa sem identificar ainda exatamente quem é o conhecido já se vira rapidamente, toda animadinha e trabalhada na simpatia, já preparada no "Nossa, você por aqui?!" para falar com o amigo da voz conhecida. Por sorte, neste dia, a Nossa Senhora protetora das pessoas de muita comunicação, mas de pouca memória, estava atenta e deu um sacode naquela mulher sorridente pronta para pagar mico. Isso bem em tempo da pessoa perceber que a recíproca não era verdadeira. Ela até conhecia o dono da voz, mas este não fazia a menor ideia de quem ela é. Disfarça, recolhe o sorriso, vira pra frente e continua esperando o seu táxi.
Dessa vez deu tempo! Porque a última vez que algo semelhante ocorreu (e acontece com mais frequência do que a pessoa gostaria) foi em um restaurante no Jardim Botânico. A pessoa chegou para um encontro com as amigas, sentou-se em uma mesa e na mesa ao lado tinha um cara conhecido. A pessoa trabalhada na simpatia e na espontaneidade, enquanto se sentava na mesa escolhida, cumprimentou o então amigo: "Oi, tudo bem? Você por aqui! Há quanto tempo, né?". A pessoa foi tão enfática, mas tão enfática, que até convenceu o camarada de que ele também a conhecia. Ele então, que aguardava alguns amigos, na certeza absoluta que me conhecia só não se lembrava de onde, simpaticamente sentou-se a minha mesa. Acreditou eu que na intenção de se lembrar de onde me conhecia. Bom, assim que o conhecido sentou-se e começamos a conversar amenidades sobre o tal restaurante, o Jardim Botânico, coisas assim, a certeza de que o conhecia ficava mais forte, eu sabia de quem era aquela voz, mas qual o nome? Ai Jesus, minhas amigas vão chegar. Vou ter que apresentar e não me lembro o nome. Respira, oxigena o cérebro que a memória vem, concentra.
Finalmente as minhas amigas chegaram, eu me levantei rapidamente e avisei para o meu "amigo não sei de onde": muito bom te ver, vou sentar com elas lá dentro. Isso para não ter que apresentá-lo e ficar na saia-justa por não lembrar o nome. Ao chegar perto das amigas elas falaram: “É amiguinha de ator, hein. E nem apresenta.".
Bom, finalmente me lembrei de onde eu o conhecia, mas ele com certeza absoluta não se lembrou de onde me conhecia. Bom saber que não sou a única que às vezes não é salva pela Nossa Senhora protetora das pessoas de muita comunicação, mas de pouca memória. Mesmo assim continuo esperando os encontros inesperados.
História contada no Facebook, trazida para o blog para ficar registrada.
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