terça-feira, 28 de julho de 2015

Filhos no trabalho dos pais

Eu mudei de trabalho recentemente e uma das primeiras coisas que fiz foi levar as minhas filhas para conhecerem um pouco da minha nova rotina. Fiz isso por já ter sentido na pele a importância das filhas conhecerem o meu local de trabalho e a diferença que isso faz no nosso dia a dia.

Eu me lembro de quando era criança do quanto eu gostava de ir ao trabalho do meu pai, como eu me sentia orgulhosa e saía com a percepção de que ele fazia coisas importantes.
Pela minha experiência eu posso dizer que os filhos visitarem o trabalho dos pais faz toda a diferença nessa relação casa x trabalho.

Nesses meus dezesseis anos e alguns meses de maternidade eu trabalhei durante 10 anos em uma empresa que tinha uma política em que as crianças eram bem recebidas. Isso é, quando necessário, os pais podiam levar as crianças para o escritório. Resultado disso, a Ana Luiza esteve algumas vezes comigo durante o expediente, ficou sentada ao meu lado, entrou em salas de reunião, etc. Nesses dias eu trabalhei tranquila, realizei as minhas tarefas e ela soube se comportar. E ninguém nunca abusou. Não tinha crianças correndo pelos corredores todos os dias. Mesmo sendo permitido, não era frequente ter crianças no escritório. Era um benefício utilizado com responsabilidade e bom senso.

Depois passei seis anos em uma empresa com uma política diferente em que as crianças só eram permitidas no evento de Dia das Crianças (não é uma antipatia gratuita não. Esse tipo orientação é baseado em política de segurança no trabalho, legislação, etc.).

E qual a diferença? As minhas filhas gostavam da empresa número um e não tinham a menor simpatia pela empresa número dois. Elas nunca me pediam para faltar ao trabalho número um e vira e mexe me pediam para faltar ao trabalho número dois. A Ana Luiza nunca me pediu para sair da empresa número um e a Sofia vivia me pedindo para mudar do trabalho número dois. Eu raramente faltei ou atrasei na empresa número um. Já na empresa número dois, uma falta ou atraso da pessoa que trabalhava lá em casa implicava em falta ou atraso meu. Mais do que isso, implicava em estresse, correria, culpa, ficar em casa com cabeça no trabalho, etc.

Outra situação que vivi nesse período foi a mudança de local físico de trabalho. A empresa, número dois que era próxima a minha casa, mudou as instalações para um bairro mais distante. Isso mudou bastante a minha rotina e disponibilidade, é claro. Antes eu tinha menos tempo de deslocamento e com isso podia sair de casa mais tarde, chegar mais cedo e ainda almoçar em casa algumas vezes.

Mesmo as minhas filhas não podendo entrar na empresa, eu as levei ao meu novo local de trabalho. Elas fizeram o percurso que eu fazia: caminharam até o metrô, pegaram o trem até a estação, mesmo não podendo ir na Van, elas entraram na fila comigo e fomos até o destino de táxi. Levei-as para almoçarem comigo também. Mostrei os arredores, os restaurantes e coisas legais (levei a Ana Luiza na feira de moda). Isso foi importante para elas perceberem o meu cansaço diário com o deslocamento, compreenderem o meu estado de espírito (que pode ser feliz, mas cansada) assim que chego em casa e entenderem quais são as possibilidades e a agilidade que tenho para resolver coisas que antes eram simples. Por exemplo: o local anterior era ao lado do shopping, então elas podiam, mas não deviam, me ligar no final do dia avisando que precisavam ir de blusa amarela no dia seguinte para a escola. Apesar do aviso em cima da hora eu tinha como resolver. No novo local não tinha essa possibilidade. E por isso precisávamos nos planejar melhor).

Agora mudei de empresa e esta nova permite o acesso das crianças. Nessa época de férias eu já vi algumas acompanhando os pais e mais uma vez nada, absolutamente nenhum comportamento que atrapalhasse a rotina. E é claro que já levei as minhas filhas para fazerem uma visita. Elas circularam pelo ambiente que é superinteressante, viram a minha mesa, conheceram as pessoas com as quais eu convivo o dia todo, mostrei rapidamente qual a minha função e almoçamos na região. Mais uma vez elas fizeram o percurso de ida e volta que eu faço, viram as possibilidades que tenho ao redor e conheceram um pouco do bairro. Com isso, a Ana Luiza e a Sofia se sentiram envolvidas e fazendo parte do meu dia a dia mesmo quando eu não estou em casa, pois elas sabem onde eu estou e fazendo o quê.

E com essa vivência eu sinto que a visita das crianças ao ambiente de trabalho dos pais é importante para:

- saber por que os pais passam tanto tempo fora de casa;
- conhecer a profissão dos pais. As crianças sempre perguntam umas as outras sobre a profissão e o lugar em que os pais trabalham. É legal elas saberem responder;
- despertar o interesse pelas atividades feitas pelo pai ou pela mãe;
- aumentar o vínculo entre colegas de trabalho e família;
- entender a rotina dos pais, as facilidades e as dificuldades que eles passam;
- abrir mais um canal de diálogo;
- construir uma imagem positiva do trabalho dos pais.

E pela minha experiência, acima de tudo, o maior dos benefícios é:

- substituir a sensação de abandono e ausência para orgulho.
A Autora:
Chris Ferreira

Chris Ferreira

Eu, uma mãe integral mesmo trabalhando em horário comercial, que procura equilibrar os diferentes papéis da mulher com prioridades e alegria.

Acredito que podemos levar a vida a sério, mas de forma divertida e é isto que eu tento mostrar no blog.

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8 comentários:

  1. É Chris, aqui também carrego meus pequenos para o trabalho quando não tenho com quem deixar.
    É super importante que eles saibam sobre o trabalho e a mesma visão que você tem eu também tenho.
    Beijos Linda. Monalise

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  2. Chris,
    Não tenho filhos mas acho que é muito importante essa visita ao local de trabalho dos pais. Na outra empresa que trabalhei podiam levar os filhos para o escritório. Nessa que estou ainda não vi nenhum funcionário com os filhos na empresa. Tão chato isso né? Fico imaginando como ficam os pais que trabalham aqui.
    Adorei o seu post!
    Beijos
    Adriana

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  3. adorei a postagem. Viemos pra Guarapari quando meu filho tinha 6meses. Hoje ele tem 10 anos. Neste período tive 2 empregos. No primeiro tinha uma certa liberdade, pois os patrões eram amigos da cidade natal, e meu filho sempre foi muito comportadinho. No emprego atual já o trouxe umas 4 vezes, mas não vi uma boa receptividade. Trabalho numa empresa dentro de outra e tudo é controlado, até o papel que se gasta, tinta da impressora etc. Mas meu patrão prefere que eu traga meu filho do que eu faltar, ele fica quietinho desenhando e nem fala nada. Muito sempre educado, dá bom dia ou boa tarde à todos. Eu sou a favor de que as empresas tenham esta liberdade com os funcionários pois não é sempre, mas sim em momentos que é necessário, uma vez ou outra.

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  4. Dependendo do lugar, acho bacana o filho conhecer o trabalho dos pais. Lembro da minha infância quando meu pai levava a gente pro escritório e a gente fazia uma festa por lá.. hehe
    Boa semana.
    Big Beijos
    Lulu on the Sky

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  5. Que bacana Chris! Na empresa do marido tem muita flexibilidade, e todo ano tem o dia da familia conhecer a empresa, e tem festinha, cinema, e todos podem sentar nas baias junto com o pai e conhecer a empresa toda. Já no meu caso fotografia consigo levar a beatrzi vez ou outra comigo, mas como faço fotografia em parques ela fica limitada a não sair de perto rsrs ai fica chato e eu evito, mas nas ediçoes de fotografia o teclado é cheio de pontinos brancos de leite materno, já que tenho um bezerro que mama durante as edições rsrsrs bjs espero voltar a blogar mais vezes... Bárbara Pata

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  6. Que legal seu post Chris!
    Aqui onde trabalho algumas mães trazem os pequenos qd n tem com quem deixar ou só passando p dar um Oi pra gente! Eu trouxe Arthur uma vez só pra o pessoal conhecê-lo!
    Eu nunca mais trouxe pq eu trabalho na parte administrativa de um hospital, msm n entrando no hospital diretamente, o ar, a roupa, td tem resquícios da parte 'infectada'
    Por isso evito, pelo menos enqt ele for pequenininho

    Bjooos
    muitospedacinhosdemim.blogspot.com.br

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  7. Chris, acho que é algo que realmente devemos pensar, eu sempre achei que algumas empresas maiores (mesmo as que não são obrigadas por lei) deveriam pensar seriamente em creches ou coisas do tipo. Assim os funcionários rendem mais, trabalham mais satisfeitos e focados... e o custo / investimento compensa :)

    Beijocas

    www.vidabonita.com.br

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  8. Moramos só marido, minha filha e eu na cidade e assim, a pequena precisa muitas vezes estar nos nossos locais de trabalho. Ainda bem que tanto onde trabalho, quanto onde meu marido trabalha dão liberdade para que as crianças fiquem conosco. Realmente a ideia que a pequena tem do trabalho é muito legal. Ela adora estar nos dois ambientes e se comporta muito bem. Às vezes até pede para ir conosco!

    Beijinhos.

    www.mamaeemarialeitoras.com.br

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