Dentre as diferentes atividades, a pintura e a modelagem se destacaram como um meio de acesso ao mundo interno dos pacientes. A produção desses ateliês foi tão abundante que em 1952 nasceu o Museu de Imagens do Inconsciente.
Eu sempre tive muita vontade de conhecer o Museu de Imagens do Inconsciente. O que impossibilitou a minha visita, até então, é o fato de o horário de funcionamento do museu ser nos dias de semana exatamente no horário do meu expediente. Ou seja, nossos horários de disponibilidade não são compatíveis. Mas a visita ao museu para ver de perto o acervo de mais de 350 mil obras está na minha lista de desejos.
Assim que eu soube que entre 9 de junho e 16 de agosto, três salas do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro estrão ocupadas pela exposição "Nise da Silveira - a revolução pelo afeto", não me contive! Agendei um dia e horário que entendo ser o mais vazio e parti para ver um pequeno, mas muito interessante, recorte Museu de Imagens do Inconsciente.
A exposição que homenageia a cientista Nise traz mais de 90 obras de clientes do Museu de Imagens do Inconsciente, trabalhos produzidos pelos seus clientes nos estúdios de modelagem e pintura. Além dessas peças, também fazem parte da exposição peças de Lygia Clark e Zé Carlos Garcia, fotografias de Alice Brill, Rogério Reis e Rafael Bqueer, vídeos de Leon Hirzsman e Tiago Sant’Ana e aquarelas e fotos de Carlos Vergara.
A mostra também apresenta a trajetória de Nise, sua luta, conquistas e pensamentos. Conforme percorremos as três salas vamos conhecendo melhor a história de Nise, suas relações familiares e influências.
Agora, nesse ano de 2021, faz 22 anos da morte de Nise da Silveira. Bem sugestivo já que 22 é o número que representa a loucura no imaginário popular. Nise diz que aprendeu muito com os loucos.
Caminhando pela exposição conhecemos mais das histórias dos pacientes como, por exemplo Emygdio de Barros (que pintou em em torno de 3.300 que fazem parte do acervo do Museu do Inconsciente).
Emygdio foi um paciente esquizofrênico que Nise levou para sei ateliê. A princípio, a médica não tinha autorização para levá-lo, mas notou no olhar que ele tinha vontade de ir com ela. Ao solicitar a autorização para o até então psiquiatra de Emygdio, Nise ouviu como resposta: "Se quiser autorização, eu dou, mas não adianta nada porque ele já está há mais de 23 internado, em estado de decadência psicológica muito profunda e não vai fazer nada que preste.".
Emydgio não só produziu 3.300 peças (algumas expostas abaixo), como é considerado um dos raros gênios da pintura brasileira.
Segundo Nise defendia "o que melhora o atendimento é o contato afetivo de uma pessoa com a outra. O que cura é a alegria, o que cura é a falta de preconceito".
Valeu muito a pena conhecer mais da luta dessa mulher que entrou na faculdade de medicina aos 15 anos, sendo a única mulher em uma turma de 157 homens, sendo uma das primeiras mulheres a se formar médica no país. Foi presa na época da ditadura militar e a partir daí ficou, como ela mesma dizia, com mania de liberdade.
No ateliê, seu centro de tratamento, as portas e janelas eram mantidas sempre abertas, sem delimitações de território e de talento.
Maravilhosa e interessante a sua publicação. Texto e imagens fascinantes! Obrigada pela partilha!:)
ResponderExcluir*
Pensamento que enaltece ...
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Beijos e um excelente dia! :)
que maravilha, quero muito ver essa exposição se um dia voltar ou vier pra sp. desde q tenha acabado a pandemia o q não parece q vai acontecer nunca. eu vi o filme da nise. ela é fantástica mesmo. eu sou da luta antimanicomial antes mesmo de conhecer o trabalho dela. beijos, pedrita
ResponderExcluira postagem do filme https://mataharie007.blogspot.com/2016/04/nise-o-coracao-da-loucura.html
Incrível o trabalho dela. Precisamos, urgentemente, despatologizar os distúrbios psíquicos.
ResponderExcluirBoa semana!
Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia
Obrigado por dar a conhecer à artista e a obra... Bj
ResponderExcluirCrhis como você está?
ResponderExcluirEu estou simplesmente maravilhada com essa exposição. Achei ótima e me deu um quentinho no coração ao ver as imagens, bateu uma saudade enorme de ver as exposições no local.
Beijos.
https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/
Tenho a certeza que gostaria de visitar essa exposição.
ResponderExcluirBeijinhos
Coisas de Feltro
Adoro a história da Doutora Nise, e o que ela representa para o sistema de saúde e para a sociedade como um todo. Não tenho a oportunidade de visitar a exposição e lhe agradeço por nos mostrar um pouco.
ResponderExcluirMuita Luz e Paz!
Abraços
Maravilhosa, esta exposição, sobre o poder curativo da arte! Grata por esta partilha tão especial! Beijinhos!
ResponderExcluirAna