sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Eu já fugi de casa


Livros sempre me proporcionam bons momentos, aprendizados, inspiração e ótimas conversas.

E foi assim outra manhã aqui em casa quando eu abri aleatoriamente o livro “Liberdade Crônica” da Martha Medeiros. A página aberta tinha como título “Fugir de casa” e a primeira frase dessa crônica é a pergunta “Qual a criança que nunca sonhou em fugir de casa?”.



Com essa pergunta no ar tomamos o nosso café da manhã entre lembranças e risadas.

Relembrei de quando a Ana Luiza arrumou uma mochila cheia de bonecas, saiu pela porta rumo a sua fuga e ficou na escada até eu ir buscá-la (coisa que demorou pouquíssimos minutos). Ela não se lembrava dessa história e demos boas gargalhadas.

Relembramos as ameaças aborrecidas, com cara de zangada, da Sofia dizendo que ia morar com outra família. Mas qual? Teve um dia que eu até fiz uma maldadezinha com ela (mãe não é de ferro e tem os seus momentos de impaciência e intolerância também). Tínhamos passado, naquele mesmo dia, por uma família de rua que estava deitada embaixo de uma marquise. Ali entre caixas de papelão e cobertores sujos tinham duas crianças com os pais. Então, eu disse pra Sofia arrumar a mochila que eu a levaria pra morar com aquela família e ia aproveitar pra ver se alguma daquelas crianças gostaria de vir morar no quarto dela. Claro, que a Sofia desistiu da fuga ali mesmo. Bom, mas hoje essas são lembranças divertidas e que provocaram ótimas risadas em família.

E aí foi a vez de rirmos com as minhas histórias de fugas. Eu contei algumas das minhas tentativas de quando era criança. Eu tinha uma casinha de boneca de madeira que ficava na garagem e me mudei de mala e cuia algumas vezes.

Mas eu me dei conta que os meus maiores sonhos de fuga foram na adolescência. Nessa época eu já não tentava concretizar o sonho e nem me dava ao trabalho de arrumar a mochilinha. As fugas ficavam nos sonhos, na fantasia, eram fugas para vidas diferentes. Ora eu ira para praias desertas no estilo Lagoa Azul, ora eu vivia ao estilo Patricinha de Beverly Hills, outras vezes eu vivia em florestas cuidando de espécies em extinção. Fugia para vidas difíceis onde eu morava em casa de barro, dormia em esteira, tomava banho em bacia e com pouca comida. Todas essas fugas fantasiosas serviam de válvula de escape e me ajudavam a retornar para os conflitos reais da minha nada mole vida de adolescente.

E as minhas fugas não pararam na adolescência não. Cresci, amadureci (ou não) e continuei com os meus planos de fuga imaginários. Quantas vezes parti para Morro de São Paulo e por lá fiquei descalça? Quantas vezes pra não me descabelar em uma reunião de trabalho eu fugi pra Fernando de Noronha e fiquei descabelada pelo vento? Retorno dessas viagens para a vida real mais realizada.

Bom, depois de toda essa conversa cheia de lembranças e confissões o nosso café da manhã chegou ao fim. Eu que já estava me achando muito louca, tipo piradinha-piradinha mesmo fui continuar a leitura da crônica.

E nela, mais uma vez, a Martha Medeiros, que também confessou ser uma fujona, explicou tudo o que eu não conseguia colocar em palavras. E até me isentou da minha insanidade.


E me deu aval para continuar com a minha porta aberta para as fugas imaginárias. 


E ainda mais, me aliviou a tensão e a culpa de quando as minhas filhas ameaçarem a fazer as fugas dela. 
Agora vou ali fantasiar que as minhas fugas se tornaram crônicas tão boas quanto as da Martha Medeiros e já volto.
A Autora:
Chris Ferreira

Chris Ferreira

Eu, uma mãe integral mesmo trabalhando em horário comercial, que procura equilibrar os diferentes papéis da mulher com prioridades e alegria.

Acredito que podemos levar a vida a sério, mas de forma divertida e é isto que eu tento mostrar no blog.

Google +

12 comentários:

  1. Xii Cris, eu já quis fugir muitas vezes e tb foço essas viagens pra além da imaginação. E sabe q eu gostei muito de saber q elas são saudáveis. rs rs rs. Eu vou procurar essa crônica p eu ler.
    kisses

    ResponderExcluir
  2. Eu tb ainda me pego querendo fugir pra um lugar bem tranquilo sem adolescente nenhuma pra cuidar, nem a vida... Belo trecho desse livro e já tinha folheado alguma páginas dele. Adorei.

    Bjos e boa fuga, quer dizer, bom final de semana.
    http://blogdmulheres.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  3. excelente texto com ótima reflexão sobre a leitura. As fugas são importantes pra gente manter a sanidade nesse mundo louco

    ResponderExcluir
  4. kkk adorei,eu nunca tentei fugir de casa,a nao ser depois de velha,quando minha irma mais nova começou a namorar,eu disse pra minha mae que se ela permitisse eu iria embora,kkk nem me lembrava mais dessa história.Agora o meu bb de 3 anos ameaça que vai embora,eu falo pra ele arrumar as malas que vou leva-lo no portao,mae é mae,viu?!Quando ele ve que to séria aí muda de idéia e vem me adular.Bjo!
    www.mulherunika.com

    ResponderExcluir
  5. Chris adorei acho que todos querem uma hora trocar de família kkkkk, ir embora , passamos por essa fase sempre, ainda mais quando não conseguimos o que queremos , adorei a postagem . Me vi em muitas partes hehe . beijos lindona

    Joyce
    www.livrosencantos.com

    ResponderExcluir
  6. Adorei o livro, rsrsrsr! Como uma simples pergunta pode trazer a tona uma vida inteira! Muito interessante esse livro que nos faz pensar, traz lembranças e rever conceitos. Tive muitos momentos assim também, mas lembro da minha irmã quase dois anos mais nova que eu que fugiu de casa e foi aparecer na casa da minha avó que era bem longe de casa num outro bairro e tinha que pegar o trem e ônibus pra chegar lá. Ela foi a pé pela linha do trem e graças a Deus chegou inteira, sã e salva. Foi um grande susto pra família.

    Bjss

    ResponderExcluir
  7. Kita vc esqueceu de contar de quando vc queria fugir com o circo. Essa história é ótima!

    ResponderExcluir
  8. Adorei essa leitura. Quem nunca pensou ou concretizou o ato de fugir né?
    Bjks
    www.maevaidosa.com

    ResponderExcluir
  9. Eu ficava doida cada vez que aparecia um circo na cidade porque você dizia que ia ser artista de circo e fugir com um.

    ResponderExcluir
  10. Que livro bacana, essa frase me fez lembrar de quantas vezes quando era pequena pensei em fugir de casa, adorei!!!
    bjcas
    www.estou-crescendo.com

    ResponderExcluir
  11. Kita, você sempre foi cheia de imaginação e era doida pra fugir com um circo.

    ResponderExcluir
  12. Estou doido para fugir desse mundo .... nossa me deu um dó ver o livro marcado kkkk!

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Pin It button on image hover
▲ Topo