sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Culpa? Eu?


Culpa, culpa, culpa! Todos nós sentimos culpa em alguns momentos e situações. São muitas as causas que nos levam a esse sentimento. Mas comigo, e acredito que com a grande maioria das mulheres que se tornaram mãe, a maternidade foi como um fósforo no palheiro dos sentimentos de culpa que ainda não tinham aflorado.

Tá certo que até a culpa, sendo na medida certa, é benéfica porque pode indicar a  necessidade de mudança em algum padrão de comportamento. Mas essa culpa que eu como mãe sentia (e ainda sinto em alguns casos) não me fazia bem. No fundo, no fundo, parte dessa culpa gerava em mim a dificuldade em impor limites, de dizer não. Além de certa prisão emocional. Meio forte, né? Mas eu me sentia culpada até pela possibilidade de que as minhas atitudes consequentes do meu sentimento culpa pudessem fazer as minhas filhas se sentirem culpadas em relação a mim. Muito doido, né?

Pois foi movida por esses conflitos internos e pelo desejo de ser a cada dia uma pessoa melhor para educar melhor as minhas filhas que eu comecei a terapia. 

Depois de um ano com sessões semanais me gerou o seguinte incômodo: "eu não tiro uma horinha que seja da minha semana exclusivamente para mim. É só casa-trabalho-casa. Não me cuido para poder ter mais tempo disponível para as filhas e a família. A única hora semanal que eu reservo é para ir à terapia falar de quê? De maternidade! Ou seja, continuo no mesmo ciclo." 

Foi nesse momento que eu me dei alta e decidi usar aquela horinha semanal para fazer algo para mim. Algo que fizesse eu me sentir mais interessante, algo que me trouxesse algum tipo de leveza, que me fizesse sentir bem com a minha autoestima. Enfim, algo que me fizesse estar em casa mais inteira. Mais leve.



Assim, contando agora, parece que foi fácil né? Mas não, demorei sete anos de maternidade para começar a me libertar em relação aos sentimentos de culpa que me faziam mal. E confesso que hoje, nove anos depois desse início de desintoxicação culposa, ainda restam algumas aqui para serem eliminadas.

Mas vamos lá! O que eu fiz? Comecei a sair com as amigas para jantar, ir ao cinema com o marido ou até sozinha, entrar em uma livraria e não me limitar a sessão infantil, ver uma exposição, ficar relaxada no salão fazendo unhas, cabelo e o que mais me desse vontade, enfim, coisas simples que me fazem bem.

Sério, com essa pequena mudança na minha rotina eu percebi mais leveza e tranquilidade em mim, passei a me sentir uma mãe melhor do que eu era (para ficar claro: não estou me comparando com outras mães, estou fazendo a comparação comigo mesma), mais firme para dar limites, deixando as minhas filhas assumirem mais responsabilidades, etc.

Tudo isso é um processo constante, de dia a dia. E eu tive mais consciência neste mês quando uma amiga nos convidou para um almoço na casa dela em um domingo. Filhas e marido não quiseram ir e aí bateu a culpa de ir sozinha e deixá-los. Gente, era algo que eu queria muito e eles simplesmente não se interessaram. O trio ficaria bem sem mim fazendo o que estavam com vontade. Mas euzinha fiquei naquela: vou deixar a família em pleno domingo... é no final de semana que ficamos mais tempos juntos... e blá, blá, blá... e mais blá, blá, blá, na minha conversa interna.  Até que decidi ir, e ainda mais, iria sem culpa. Assim como eu queria que eles ficassem sem sentirem culpa por não me acompanharem. E foi ótimo!!!

Ri com as amigas, cozinhamos juntas um risoto de camarão maravilhoso que eu preciso colocar a receita aqui no blog, trocamos confidências, ficamos à vontade e brindamos a amizade.



Apesar do tempo nublado, demos um pulinho na praia para ter esse contato com a natureza, sentir o vento e ter a sensação gostosa de liberdade emocional.


Ao admirar o Costão de Itacoatiara, é claro que já pensei em voltar ali com as filhas para fazer a trilha e apreciar o visual da praia lá do alto. Mãe nunca deixa de pensar nas crias!



Foi uma tarde de domingo ótima, diferente, que me trouxe alegria e energia. Voltei para casa levando torta de limão na bolsa e muito amor no coração.

Quanto as tais culpas, sejam maternas ou não, o ideal é substituir o sentimento de culpar-se por responsabilizar-se. Quando estou no sentimento de culpa, fico no papel de vítima e este não traz crescimento, este estagna, paralisa, não deixa andar para frente. Quando trago a responsabilidade para mim tenho a sensação de ter as rédeas da minha vida nas mãos, fico mais confiante e acredito na minha capacidade de mudar, me sinto em movimento, me sinto indo para frente. É muito bom! Vale a pena! Todos nós temos essa capacidade!
A Autora:
Chris Ferreira

Chris Ferreira

Eu, uma mãe integral mesmo trabalhando em horário comercial, que procura equilibrar os diferentes papéis da mulher com prioridades e alegria.

Acredito que podemos levar a vida a sério, mas de forma divertida e é isto que eu tento mostrar no blog.

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Um comentário:

  1. Que máximo Chris! Acompanho essa sua "culpa" há anos e fico muito feliz com sua "alta" e, mais ainda, poder desfrutar desses seus momentos especiais...Você é uma pessoa especial e incrível, que nos brinda com energia, alegria e confiança na vida...quero mais momentos com Chris!!!

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