Isso tudo bem aqui ao lado, podemos ir caminhando se quisermos, e nós deixando para depois. Mas por quê?
Primeiro porque quando eu fui a primeira e única vez até então, confesso que não achei lá essas coisas todas. Mas na época (coisa de véio, sô!) os fogos saíam da areia como flechas e eu tinha certeza que elas voltariam diretamente para a minha cabeça. Daí fiquei meio tensa, né? O fato de serem disparados da areia, além de me deixarem tipo com medinho, me obrigaram a ficar com a cabeça muito virada para cima numa posição desconfortável, a fumaça dos fogos ficou em cima da gente, e ainda achei realmente tumultuado. Não sei, não relaxei e não curti.
Segundo porque o Antonio tinha a crença que era tumultuadíssimo, com muita confusão, brigas, roubos, assaltos e tudo de ruim que a mídia gosta de ressaltar e potencializar.
Neste ano, como não tínhamos programado outra coisa, resolvemos aceitar o convite da minha amiga e passar a virada em Copa tendo como base a humilde residência da miguxa que abriu não somente as portas, como a geladeira e o coração pra gente. E já que o convite foi aceito, fomos no clima preparados para o que desse e viesse. E foi surpreendente! Vou contar.
Chegamos por volta das 20h e fomos logo dar uma olhada na praia naquela expectativa de ver como estava o tumulto, achando que o povo já estava aglomerado guardando o melhor lugar. E que nada!
A praia estava tranquila com algumas pessoas tomando o seu banho de mar (eu já me arrependi de não estar de biquíni e me juntar à trupe do último banho para descarregar as energias) e outras sim guardando lugares sentados em suas cadeiras, conversando, rindo e na boa. Tinha também algumas barracas de camping da turma que vem e fica na areia. Crianças brincando e alguns piqueniques na canga (se eu estico a minha canga no parque, coloco as minhas comidinhas e isso se torna um lindo e divertido piquenique, por que quem faz isso na areia da praia seria farofa?) .
Reconhecimento da área feito, voltamos pra casa da Biola pra comer mariola. Não, não tinha mariola, mas tinham belisquetes bem gostosos e ficamos lá conversando, rindo, contando causos, fazendo planos e selfies, é claro.
Brindamos e "selfamos".
Uma hora antes dos fogos da virada nós retornamos para a Praia de Copacabana onde acontece a maior queima de fogos do mundo (coisa grandiosa e importante, hein? Não vou entrar no mérito que seria melhor sermos campeões em outras paradas mais importantes, mais prioritárias e que trariam mais retorno para a população. Mas já que temos essa virada, vamos aproveitar e testemunhar pelo menos uma vezinha, né?). Mais uma vez nos surpreendemos. Estava cheio sim, bem cheio até, mas nada de tumulto. Caminhamos tranquilamente até a beira da água e nos acomodamos em pé. Muita gente, mas sem aperto. Ninguém esbarrando em ninguém, ninguém se espremendo em ninguém, espaço para conversar e se movimentar.
A hora passou rápido na beira do mar entre amigos, brisa leve e até um novo amigo que se fez ali quinze minutos antes da virada. Adrian, um holandês que estava hospedado em um hostel no Vidigal se chegou, aceitou uma taça de champagne, conversou com o nosso grupo e ficou.
Politicamente corretices à parte (nos primeiros minutos eu não aproveitei muito os fogos pensado que eles poderiam ser silenciosos sim, poderiam respeitar os animais, pensei nos peixes no mar e que eu estava ali corroborando com aquilo tudo. Ai como é difícil ser coerente em tudo e a todo o momento...), o show pirotécnico foi lindo, de tirar o chapéu, babar, e se emocionar.
Em determinado momento dos 16 minutos de espetáculo no céu com desenhos de sorrisos, cardume de peixes, borboletas, aros de saturno e muito brilho, senti a vibração dos fogos no peito, como quando a gente está em shows de rock. Uma vibração de esperança, energia e alegria.
Foi muito bom começar o ano com o pé direito, pulando sete ondas (contadas em português e inglês, pois ensinamos essa nossa superstição e/ou tradição para o amigo holandês)
com os pés na areia, a cabeça no céu, sorriso no rosto e alegria no coração.
Mas mais bonito do que os fogos foi ver pessoas de várias nacionalidades vibrando juntas, mulheres de salto (na mão) e de sandálias havaianas; pessoas que desceram dos big apês da beira da praia e pessoas que desceram das comunidades; pessoas que acamparam e outras que dormiram confortáveis até o meio-dia; pessoas com champanhes; pessoas com sidra e outras com nem isso, crianças, adultos; pessoas de roupa nova, outras de roupa velha e algumas poucas até sem roupa no seu primeiro banho de mar; pessoas filmando os fogos nos seus celulares e ninguém afanando-os (claro que perto dos palcos a quantidade de gente é maior e logo rola mais tumulto e alguns furtos sim. O negócio é escolher bem a área da praia para ficar); juntas e misturadas nas suas diferenças dividindo o espaço com igualdade nos seus desejos: paz, amor, saúde e um mundo melhor.
Para nós 2016 começou muito bem. Esperamos que seja um 2016 de mais empatia e simpatia.
Poxa kita, amei o seu texto ! Foi muito ter vc e sua família aqui juntinho na virada do ano. Dá uma sensação que tudo d bom vai acontecer em 2016. Só faltou a foto com o holandês. Que pena q não tiramos.
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