Assim que eu soube que estava grávida da Ana Luiza, eu comecei a buscar informação de tudo que é lado. Fiz curso de gestante para ficar bem informada sobre o parto e os primeiros cuidados com o bebê, busquei livros e muitos livros.
Eu queria saber tudo e fazer o meu melhor, mas o meu maior medo desde então não era com o parto, com os cuidados com o umbigo, com a amamentação. É claro que estas eram situações que me deixavam apreensiva sim, mas o meu maior receio era com a tal adolescência. Sim, era isso mesmo. Estava tão longe, tão distante, mas eu temia. Temia os problemas que podem surgir nesta fase. Temia pela minha capacidade de enfrentá-los.
Os livros sobre educação na época, pelo menos os muitos que caíram em minhas mãos, falavam apenas de bebês e os que falavam da infância se limitavam aos sete anos.
Depois quando a Ana Luiza já tinha nascido, já era bebê e frequentava a pracinha eu ficava ali com muitas mães trocando ideias e experiências (e muitas cobranças e comparações, é certo). Mas sempre corria os meus olhos à procura das mães de adolescentes. Cadê elas? Onde se encontram para trocar dicas e apoio? Nada!
Já nas festinhas infantis as mães das crianças estavam lá. Mas e as mães de adolescentes? Foram abduzidas? Eu ouvia dizer que ao chegar à adolescência aquela criança meiga, fofa, educada e carinhosa era subitamente abduzida e trocada por um teen mal-humorado e rebelde. Eu já estava começando a achar que as mães de adolescentes eram abduzidas junto e só retornavam quando os filhos se tornavam adultos (comecei a achar esta uma boa alternativa).
Mais tarde, lá em 2009, quando a Ana Luiza já tinha 10 anos e estava cada vez mais próxima da minha temida adolê, quando a Sofia já tinha três anos, e que eu comecei o blog e descobri a blogosfera materna, corri em busca dos blogs de mães de adolescente. Finalmente eu encontraria um ponto de encontro dessas mães que estavam no topo da montanha-russa prestes a despencar em queda de 90º. Que nada! Não tinham blogs de mães de adolescentes (pelo menos brasileiros. Em inglês existem vários). Apenas um aqui, outro ali, que se aventuraram, mas pararam no terceiro, quarto post.
E eu não entendia. Como assim? A adolescência é tão complexa, tão rica de assuntos, tão cheias de questões... Será que as mães de adolescentes já ficam tão espertas com a maternidade que não têm mais dúvidas. Será que o "como fazer o desfralde" gera mais dúvidas, inseguranças e incertezas do que "como fazer com a porta do quarto quando o primeiro namorado(a) frequenta a sua casa"? Será que o "primeiro passeio da escola" gera mais apreensão do que "a primeira viagem com grupo de amigos sem nenhum responsável acompanhando"?
Ah... este blog vai falar de assuntos da adolescência e muito. Ah, vai! Pensei eu lá naquela época.
Mas continuei a minha busca. Cadê as mães de adolescentes? Eu perguntava. Por um tempo eu até comecei a ficar tranquila. Fiquei certa de que os passos vividos, as dúvidas, as culpas, as incertezas, os acertos e os erros cometidos no percurso até a tal adolescência eram escola suficiente e dali para frente as mães já calejadas e experientes seguiam em frente seguras e sem necessidade de compartilhar suas incertezas, porque elas não as tinham mais, nem suas experiências, pois todas já eram experientes o suficiente. Será? Talvez no mundo perfeito e de sonhos sim. Doce ilusão!
A adolescência chegou à minha casa, mas as mães do mesmo gênero não se aproximaram. Apenas aquelas amigas mais íntimas que têm filhos da mesma idade, às vezes, compartilham uma questão ou outra. De repente aquela minha amiga do trabalho que dividia diariamente todas as questões da maternidade, trocava todos os livros, quando os filhos eram pequenos, quase não fala mais sobre os filhos. De repente em pleno almoço ela solta algo como, o namorado da fulana foi viajar com a gente... Sua filha já está namorando? Você nem me contou? Como foi? Foi tranquilo? E essa parada dele frequentar a sua casa, como é? E esse negócio de viajar com a família? Vamos, compartilha, compartilha, eu vou passar por isso já-já. A minha amiga soltava uma coisinha aqui, outra ali, sem grandes detalhes como era antes em que até a cor, cheiro e textura do coco eram detalhadas.
Caminhando no shopping com outra amiga de troca de intimidades maternas e muito mais, ela solta algo do tipo, isso foi no dia do primeiro porre do fulaninho. Ããã, o fulaninho já teve o primeiro porre e você nem me contou? Puxa, você me contou do primeiro dentinho que caiu e não falou do primeiro porre? Preciso saber. Talvez eu passe por isso também (espero que não). Vamos compartilhar. A amiga conta uma coisinha aqui, outra ali, mas sem grandes detalhes.
E eu achava estranho, mas comecei a entender. Os assuntos ficam mais íntimos e os adolescentes não gostam que a gente comente nada, absolutamente nada sobre a vida deles. Se percebem que estamos contando algo, mesmo para a nossa melhor amiga, mesmo para a madrinha, já se sentem traídos.
Imagina que coisinha linda um post com a foto daquele sorriso com a primeira janelinha... Agora imagina um post do primeiro porre? Com foto do ser caído no chuveiro, abraçado com o vaso sanitário batendo aquele papo direto e reto com o Raul.
Os assuntos ficam mais complexos também. Os tais "terrible two" são fichinha perto do não falado, nem citado "terrible thirteen until nineteen".
Tá eu até já entendi por que nós mães de adolescentes não compartilhamos mais tanto a nossa maternidade, mas que eu sinto uma falta danada, isso eu sinto.
No final de semana passado estava eu acordada na madrugada esperando a minha lindinha voltar da night. Fiquei passeando pelas redes sociais e no Twitter eu encontrei uma mãe de teen que também estava acordada esperando os seus (ela tem três! Imagino três adolescentes em casa na mesma época! Mais emocionante do qualquer parque da franquia Six Flags). Ficamos ali conversando, trocando experiências com as noitadas dos filhos, fazendo companhia uma para a outra e dando apoio. Sabe que a madruga passou mais rápido e com menos agonia?!
Cobri o twitter da minha nova amiga de redes sociais porque eu não sei se ela quer que eu mostre, apesar da conversa estar lá pública.
Foi tão bom este encontro no Twitter que eu fiquei com vontade de quero mais. Fiquei novamente com vontade de encontrar mães de adolescentes, nem que seja na madrugada enquanto esperamos nossos filhos voltarem das festinhas. Se você, por acaso, é uma delas me encontra lá no twitter, ou por aqui mesmo.
PS: Na verdade este post inicialmente seria sobre manter a conexão com adolescentes, mas acabou desviando para o assunto do "sumiço das mães de adolescentes" e eu gostei.
Eu ainda tenho um tempinho até ser mãe de adolescente, mas espero que esse blog continue firme e forte até lá! Certeza que vou precisar desse suporte! Amei o post!
ResponderExcluirpor aqui ainda vai demorar um pouco mas vejo minhas amigas com filhos adolescentes ficando doidas e acho que um suporte com outras mães e fundamental para não nos sentirmos só.
ResponderExcluirEu tenho um pré adolescente de dez anos... Confesso que tenho medo do que estar por vir.. Mais já começo a me preparar. E converso muito com amigas que já tem filhos adolescentes.
ResponderExcluirAhhhh essa fase... estamos iniciando aqui. Achei bem legal essa conexão com outra mãe. Amigas e apoio podem ajudar a colocar as coisas em perspectiva. ;-)
ResponderExcluirClau
Adorei o seu post, realmente não tem blogs de mães de adolescentes! Acho que elas ficam tão estressadas que ficam sem tempo e paciência de blogarem...rsrss... E o twitter é mesmo um local maravilhoso para passar as madrugadas insones! Amo aquele local!
ResponderExcluirBeijos
Adriana
Ainda não estou nessa fase mas quer saber? Ela me assusta e me dá um baita medo!
ResponderExcluirPois é! Quando fui criar meu blog, http://maedeadolescente.blog.br eu me dei conta de que não existem blogs sobre isto, porque todos os que começaram as mães abandonaram. Eu acho que sou a única a insistir nisto até aqui, com enfoque direto no assunto e digo, a gente apanha de todos os lados: de outras mães e de adolescentes. Por isso é difícil manter, mas estou firme e forte no propósito hahaha
ResponderExcluirBjs...
Ainda tenho um tempinho pra chegar nessa fase mas percebo que sobre essa fase muito pouco encontramos
ResponderExcluirBjs Mi Gobbato
Eita fase difícil essa hein, eu já fico doída só de pensar em vê-los saindo para noite, viagens, bebidas... aiaiai
ResponderExcluir