quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Terapia Artesanal, um presente

A pessoa sai do trabalho animada rumo a sua aula de pintura. Não está atrasada, tem tempo suficiente para andar normalmente até o metrô, não precisa apressar o passo, entra no trem, consegue lugar para sentar, segue o percurso pensando na vida, olhando as mensagens no WhatsApp ou observando as outras pessoas no vagão. Chega ao seu destino com folga, caminha pelo shopping até o Ateliê Odila Freire com tempo para observar algumas lojinhas e ainda fazer uma parada estratégica para um lanche saboroso no Lola Bistrô.

Tudo tranquilo e favorável, né? Será?

A pessoa aqui chega então a sua aula de pintura, com sorriso no rosto, falando, gesticulando, contando alguma novidade, separa a peça que vai pintar, pega os pincéis, deixa cair alguma coisa, pega a tinta, deixa pingar em algum lugar, começa a pintar, borra, procura o pano molhado para limpar, esqueceu de pegar, corre, pega rápido, limpa rápido, respira e se dá conta de que está agitada, ansiosa, com os ombros tensos. Respira fundo e fala pra turma: "tô acelerada, né? Vô serenar!".

Respira fundo novamente, desacelera, fica consciente de que não precisa ter pressa, fica em silêncio, pinta devagar, pensa, pensa, pensa.

Entre os pensamentos vem à consciência de que estava ansiosa, agitada, movida pela correria e não tinha se dado conta do próprio estado. Será que é assim que eu chego em casa todos os dias?

Entre pinceladas e pensamentos começa a relaxar. Depois de alguns minutos pintando em silêncio, concentrada nas pinceladas, cores e pensamentos, começa a conversar com a turma, trocar ideias, contar "causos", ouvir histórias, admirar o trabalho das amigas, trocar receitas, dicas de filmes, etc.

Começa a sentir uma sensação verdadeira de relaxamento, não aquela falsa sensação do primeiro parágrafo. Parecia que estava tudo na maior tranquilidade, não? A pessoa também achava isso, mas não estava presente em si, nem consciente dos seus sentimentos. Estava ainda ligada na rotina do trabalho, no ritmo de quem tem várias coisas para fazer. No metrô ou estava olhando para os outros, ou estava listando mentalmente as tarefas para fazer. Agora, na aula de pintura, entre cores, está realmente serenando.

Após três horas de aula de pintura a pessoa é outra pessoa. Acabou de sair de uma sessão de terapia, a terapia artesanal.

Nesta semana após terminar este gaveteiro mais uma vez eu senti o prazer de ter transformado um objeto simples, sem graça, normal, em um objeto bonito, colorido, alegre e diferente.


Fiquei olhando para o gaveteiro e pensando no quanto fazer artesanato proporciona benefícios à saúde mental e ao nosso corpo.


No quanto produzir algo com as nossas próprias mãos faz bem para a autoestima.


No quanto o artesanato nos possibilita dar asas a nossa imaginação e estimula a criatividade.

No quanto o artesanato nos desliga da rotina agitada e nos conecta conosco mesmo.


No quanto o artesanato pode nos fazer feliz ao dar carinho para alguém que gostamos e somos gratos.

Olha só a carinha de feliz da Nini quando ela recebeu o gaveteiro que eu fiz com a orientação nas aulas de pintura e com a ajuda das filhas em casa.



Eu tenho sentido toda essa ação terapêutica do artesanato não só nas aulas de pintura, mas em casa também e junto com as minhas filhas. Elas adoram ajudar na pintura, escolher as cores e ter objetos feitos por nós na decoração do quarto delas.

Os momentos em que fazemos arte juntas são momentos de alegria, que melhoram o nosso humor, que geram cumplicidade entre a gente, que quebram a rotina e trazem leveza para o nosso dia. Sem falar da prática do desapego que é dar uma peça feita por nós. Tudo de bom, né?

Mais do que um presente para a Renilda, fazer esse gaveteiro foi um presente para mim.

Fica a dica: reserve um tempo para praticar terapia artesanal seja em casa, seja fazendo aula,  e se puder envolver a família, melhor ainda.

Outras pinturas:

- Gaveteiro no post "Uma pintura para presente";
- Algumas peças no post "Quarto de menina de 10 anos".
A Autora:
Chris Ferreira

Chris Ferreira

Eu, uma mãe integral mesmo trabalhando em horário comercial, que procura equilibrar os diferentes papéis da mulher com prioridades e alegria.

Acredito que podemos levar a vida a sério, mas de forma divertida e é isto que eu tento mostrar no blog.

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2 comentários:

  1. Acho que vou procurar pot aqui algo assim ....O Centro me ajuda muito me da paz e forças para me tornar uma pessoa melhor.A dança me alegra ,mas vou pensar a respeito do artesanato....

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  2. Nossa Chris, ficou belíssimo, viu?! Parabéns!
    Bjbj

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