A coisa é tão doida que a pessoa às vezes saía mais cedo para o trabalho só para entrar no Hortifruti e receber sua dose de motivação. Tá, ela aproveitava para pegar uma uva. Mas quem resiste a entrar no Hortifruti e não experimentar uma uvinha que seja?!
Hoje, véspera de Natal, a pessoa foi cedinho para a porta do Hortifruti, nem tanto pela dose de motivação, mas sim pela necessidade de comprar os itens para a ceia de Natal. Eis que junto com a pessoa chegou uma mulher alta, magra, com cabelo desconstruído, uma bermuda jeans larga, uma blusa de malha também largona presa na frente e solta atrás, e um salto fino preto de uns 30 cm no mínimo. Sabe aquela mulher que tentar ser despojada e continua elegantérrima?! Ela a tal.
A pessoa aqui, que vou pular as características do porte físico, estava descabelada, mas descabelada mesmo, não cola essa de penteado desconstruído, com a marca do travesseiro na bochecha, totalmente sonada, tão sonada que esqueceu o sutiã, com um vestido largão e sandália havaina.
As duas se olharam com cara de espanto. Uma, a descabelada sonada, com aquela cara de espanto admirado de como alguém consegue sair de casa assim, toda trabalhada, às 7h da manhã!? Outra, a despojada elegante, com aquela cara espanto incrédulo de como alguém tem coragem de sair do próprio quarto assim em alguma hora do dia?!
Olhares trocados, as portas do mercado em questão se abrem e as duas entraram no recinto para as suas compras. A pessoa descabelada sonada estava tão embasbacada com a despojada elegante aquela hora da madrugada (7h30 de um sábado é madrugada sim. Tem gente que ainda está na balada) que nem prestou a atenção na recepção motivacional dos funcionários do Hortifruti.
Cada mulher seguiu seu caminho entre as gôndolas fazendo as suas compras. A pessoa descabelada sonada seguiu ainda impressionada com a despojada elegante até ver o preço das cerejas. Nessa hora a descabelada sonada ficou tão chocada que perdeu a direção do seu carrinho e pumba, atropelou o tornozelo de alguém. Adivinhem quem? Isso mesmo, a despojada elegante.
Neste momento a despojada elegante se virou com um olhar fulminantemente raivoso pronta pra descer dos 30 cm de salto fino e ficar apenas com a parte do despoja do seu ser. A parte elegante de salto fino estava pronta para ser substituída pela barraqueira de tamanco.
A pessoa descabelada sonada que a esta hora da manhã não tem a menor condição de travar alguma discussão com quem quer que seja, pois o cérebro dela ainda está bocejando, fala:
- Desculpas! - Não adianta... A ameaça de descer do salto continua.
- 1000 desculpas! - Não adianta... O olhar enfurecido se mantém.
- 5000 desculpas! - Não adianta... A outra está bufando.
- 9.999 desculpas! - Não adianta... Semblante furioso inabalado.
- Eu faço carinho, dou beijinho! - Algo mudou. Começou a funcionar. A expressão agora é de "essa descabelada sonada é muito louca".
- É Natal! Tempo de paz! Feliz Natal! - Algo mudou mais ainda. Tá funcionando mesmo. A expressão agora é de "essa descabelada sonada é louca, mas é mansa".
- E o preço das cerejas está um absurdo! - Agora sim algo realmente mudou. A desconstruída elegante decide ficar no salto, manter a elegância e não fazer barraco com a descabelada sonada ruim de roda de carrinho de supermercado e responde:
- Esse povo enlouqueceu! Está um absurdo! Desse jeito não vai ter cereja na ceia lá de casa.
Ufa! Nada como um preço absurdo de cereja na véspera do Natal para criar empatia entre uma descabelada de havaianas e uma desconstruída de salto fino às 7h30 da madruga de sábado véspera de Natal.
Oi Chris
ResponderExcluirHahahaahahaha
Mas ficou impressionada cm as pessoas conseguem sair elegantes de casa tão cedo
Não comprei cerejas, aqui tb são pela hora da morte
Bjoooooos
muitospedacinhosdemim.blogspot.com.br