quarta-feira, 14 de junho de 2017

Filme Perdidos em Paris mais entrevista com os atores





Quem me acompanha pelo Instagram @inventandomamae e pela página no Facebook Inventando Com a Mamãe já deve ter percebido que eu estou a "loka" do Festival Varilux de Cinema Francês nesta edição de 2017. Estou fazendo dobradinhas no cinema quase que diariamente para dar conta de ver tanto filme bom.

"Perdidos em Paris", na minha humilde opinião é um dos melhores! Gente, muito divertido! Afinal, quem não gostaria de se perder por Paris e viver aventuras inusitadas? 




A coisa fica melhor ainda quando essa aventura é vivida por um par de clowns, como o belga Dominique Abel e a canadense Fiona Gordon. Ainda mais quando eles dividem as cenas com Emmanuelle Riva. Ainda mais quando este foi o último filme estrelado por esta grande atriz. 

foto divulgação

Ainda mais quando ao final da sessão ainda tem debate com os atores e diretores. 

Entrevista com os atores Dominique Abel e Fiona Gordon no Festival Varilux de Cinema Francês


O filme conta a história de Fiona (Fiona Gordon), uma bibliotecária canadense que vive em uma pequena cidade praticamente congelada e sonha em conhecer Paris desde que sua tia foi viver na Cidade Luz. Um belo dia, nem tão belo assim, seria melhor dizer em um dia de frio congelante, Fiona recebe uma carta de sua tia Martha (Emmanuelle Riva) pedindo socorro, pois os vizinhos a querem mandar para um asilo. 

Fiona, percebendo a aflição e angústia da tia, embarca para Paris sem grandes informações, nem muitos detalhes sobre o paradeiro de Martha. Chegando a Paris, não é tão fácil assim o encontro com Martha, já que esta desapareceu. Fiona, trapalhada como ela só, perdida como ninguém, vai em busca da tia e acaba encontrando um vagabundo inofensivo e cheio de charme, Dom (Dominique Abel). Fiona se perde em Paris e Dom se perde nos encantos da estrangeira. Juntos eles se encontram nos percalços inusitados e nos desastres mais cômicos, nos presenteando com cenas hilárias e uma comédia sensível.

E de muita sensibilidade e bom humor foi a sessão de perguntas com os atores.

1 - Eu acho, se não me engano, que este foi o último filme da Emmanuelle. Eu queria saber como era a convivência com ela fora das telas, a convivência de bastidores. Todo mundo sabe que ela era uma grande atriz e eu queria saber a relação fora das filmagens.

(Fiona) De fato, inicialmente a gente não tinha pensado na Emmanuelle Riva porque a gente pensava nela como uma atriz séria. E quando ela fez campanha para ser vencedora do Oscar, a gente assistiu um pequeno vídeo que ela tinha feito pelo New York Times. A equipe de gravação esteve na casa dela e aí a gente percebeu que ela era uma pessoa engraçada, que não era aquela pessoa séria que a gente lembrava. Ela dançava, imitava o Charles Chaplin, ela jogava grãos de arroz para os pombos, ela fingia ser o Super-Homem com uma capa de plástico. E aí a gente pensou que seria bom chamá-la porque tinha alguma afinidade. E a gente descobriu uma Emmanuelle curiosa, muito viva, alegre, aberta, que achava tudo engraçado. Ela tinha o riso de uma adolescente de 14 anos. Ela mesma dizia: "Aí dentro eu tenho 14 anos e o meu corpo não concorda.". No início o papel da Martha era pequeno e a personalidade independente, passional, etc., de Emmanuelle assumiu e influenciou o papel da tia Marhta.

(Dominique) Eu queria dizer que aquele apartamento no filme é a casa dela. Ela tinha uma lousa na casa dela em que escrevia frases. Por exemplo ela escreveu: "A resposta é o assassino da pergunta.". Toda manhã ela escrevia um poema e às vezes ela lia para a gente. Alguém com muitos altos e baixos. A porta do quarto dela rangia e ela pediu para o técnico de som não colocar nenhum óleo porque ela gostava daquele barulho. Então ao invés de trabalhar com duas personalidades de palhaços, a gente trabalhou com três porque a gente gostou da personalidade dela (Emmanuelle) que é insubmissa, criativa e muito livre e independente. Nas gravações a gente teve uma afinidade intuitiva, que foi menos dramática do que a gente tinha imaginado. No início a gente falou para ela: nós gostaríamos que você atuasse como uma gata de rua. E ela entendeu na hora.

2 - Quando vocês gravaram na casa dela (Emmanuelle) era assim mesmo ou era organizada? Pergunta feita por uma menina de 10-12 anos.

Era pior do que isso. Era uma bagunça, tinha livros, tinha pilhas de coisas, os objetos faziam muito sentido para ela, e ela queria que cada objeto ficasse onde ela podia vê-los. Ela tinha uma esponja de lavar pratos que de tanto usar estava fininha.

3 - Vocês realmente dançam ou foi preparação para o filme? E naquela cena, vocês estão mesmo sentados na Torre Eiffel?

(Fiona) Evidentemente (risos)

(Dominique) Não somos bailarinos. A gente fez um curso, na Escola Jacques Lecoq, uma escola de atuação corporal. Tem pessoas do mundo inteiro, inclusive brasileiros também. É mais um jogo visual, uma encenação visual. A gente gosta de dançar, mas a gente é meio desajeitado. Porque a gente acha que esse jeito é mais humano. A gente tem um estúdio em casa e a gente colocamos várias músicas de Tango, uma câmera no tripé, a gente fica ali dançando e no final a gente olha, assiste aquilo que a gente dançou e fica muito ruim. Às vezes te dois segundos muito bons. Então a gente edita esses momentinhos e começa tudo de novo no dia seguinte, mais um segundo. Dois anos depois tem esse resultado.

(Fiona) Sobre a Torre Eiffel. Tem uma parte que realmente é na Torre Eiffel, mas não é esta parte. A gente tinha um orçamento pequeno, mas sempre tem um jeitinho. A gente tinha um acordo com a Torre Eiffel de poder gravar meia hora antes da abertura e meia hora depois. Naquela cena do telescópio tem milhares de pessoas lá, mas eles não estão na imagem. E quando tem a filmagem mais ampla, estamos de fato sozinho na torre. Então foi um momento mágico pra gente.
A parte que parece mais perigosa é a tecnologia blue key, em inglês. Mas era assustador mesmo assim.

4 - Vocês tiveram alguma intenção crítica da sociedade contemporânea em que as pessoas não prestam muito a atenção uma nas outras. Tem várias cenas assim. 

A gente queria falar da sociedade atual, daquilo que emociona a gente ou machuca também. Os nossos pais têm 85, 87 anos. São assuntos que nos tocam e que também podem ser engraçados. Quando a gente quer falar, por exemplo, de pessoas em situação de rua, assuntos mais difíceis, é importante usar os recursos da poesia e do humor. Fica mais fácil. Eu acho que o humor é bom quando a gente consegue ultrapassar o que realmente dói.

5 - Você realmente bebeu três garrafas de champagne? Você falaram dos objetos que a Martha gostava, aquele cofrinho também fazia parte dos objetos dela?
Perguntas feitas por duas menina de 10-12 anos.

(Fiona) É engraçado porque as crianças, os jovens, sempre gostam daqueles detalhes. Dominique não bebeu três garrafas de Champagne porque ele é o diretor, então ele tem que manter a cabeça boa para dirigir.
Fiona precisa do porquinho, porque ela precisa de dinheiro para pegar o táxi, então a gente colocou o porquinho ali para isso.




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A Autora:
Chris Ferreira

Chris Ferreira

Eu, uma mãe integral mesmo trabalhando em horário comercial, que procura equilibrar os diferentes papéis da mulher com prioridades e alegria.

Acredito que podemos levar a vida a sério, mas de forma divertida e é isto que eu tento mostrar no blog.

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Um comentário:

  1. Genial!! Muito bom o post, vi e adorei o filme, mas perdi o debate com os atores, então é uma satisfação poder ler aqui as novidades fora do set. Valeu !! Bjus

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