Eu aproveitei um dia de folga para fazer o percurso da Orla Conde que liga a Praça da Misericórdia ao Armazém 8 do Cais do Porto. Toda essa área que era ocupada pela via Perimetral que foi demolida para dar vista e visibilidade para frente da Baía da Guanabara.
O percurso de 3,5 km foi arborizado (mas eu ainda acho que podia ter mais árvores), recebeu banquinhos para relaxar e apreciar a vista, deques, espaço para a circulação de pedestres e ciclistas.
Comecei a minha caminhada pela área da Praça da Misericórdia onde fica o
Museu Histórico Nacional. Vale a pena visitar esse belo conjunto arquitetônico formado por três prédios de diferentes épocas: a Casa do Trem, de 1762, o Arsenal Real, de 1822, e o Anexo para os quartéis, de 1835. O acervo permanente é bem interessante e sempre tem algumas exposições temporárias.
Fiquei feliz em saber que teremos mais um centro cultural que fará parte do atual corredor cultural, o Centro Cultural do Ministério da Saúde que abrirá as portas em breve.
Seguimos pela orla e já me encantei com a cena bucólica dos barquinhos e a Ilha Fiscal ao fundo.
No caminho tem o Restaurante Albamar. Da próxima vez vou planejar a minha caminhada de forma que o almoço seja lá desfrutando do sabor da comida, da vista incrível e de toda história envolvida.
O Albamar é bem antiguinho, foi fundado em 1933 em uma das cinco torres que faziam parte do antigo Mercado da Praça XV do Rio de Janeiro, construídas em 1908. A estrutura metálica foi importada da Bélgica e da Inglaterra. Esta única torre que restou foi tombada em 1962.
A demolição do viaduto da perimetral em 2014 deu à cidade e para quem está caminhando pela Orla Conde um novo ponto de vista para as construções locais.
Possibilita uma vista ampla dos prédios antigos que contrastam com as construções mais modernas.
Neste caminho chegamos à Estação das Barcas que por fazer parte da rotina e correria do dia a dia, sua beleza passa despercebida por muitos. Além da beleza do prédio que lembra as construções dos áureos tempos republicanos, ali estão algumas lojinhas que lembram um mercado antigo, lanchonetes e pequenos restaurantes.
Já no complexo da Praça XV está o Chafariz do Carmo, mais conhecido como o Chafariz do Mestre Valentim ou Chafariz da Pirâmide. O chafariz que foi construído na beira do cais, em 1779, servia tanto para abastecer os navios, quanto à população que por ali vivia. O mar chegava exatamente até este ponto e a chegada da família real se deu bem em frente ao chafariz. Era por essas escadas nas laterais da torre que os passageiros que desciam dos barcos seguiam para a Praça XV.
Eu já estive em alguns eventos de final de semana na Praça XV e a área fica cheia de crianças andando de skate. Fui pesquisar e descobri que ali é o atual reduto dos skatistas. E foi em homenagem ao Dia Mundial do Skate que o “Piskate”, escultura produzida pelo designer gráfico e skatista Jorge Cupim, foi instalado por lá. O skate gigante de sucata foi feito com chapas de ferro prensadas e rodas de pneus de carro encontradas em um ferro-velho. Fui lá tirar uma onda de skatista.
Quem manda a minha amiga não tirar foto boa?! Agora é a foto dela que vai ilustrar o post.
Seguindo o nosso caminho o próximo destaque da Orla Conde é o Paço Imperial. Gente, fui procurar no blog um post sobre o Paço e me dei conta que não tem. Já visitei o local diversas vezes, fiz várias citações a ele, mas nunca um post exclusivo. Preciso providenciar isso. Afinal, além de belíssimo, de ter uma livraria charmosa e dois cafés deliciosos, de ter exposições temporárias bem interessantes, o Paço Imperial é um importante prédio histórico da nossa cidade. Foi ali que em 1822 o então Príncipe Regente D. Pedro anunciou sua recusa de voltar a Portugal, episódio conhecido como o Dia do Fico. Também foi em uma das salas do Paço que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, dia 13 de maio de 1888.
Da Praça XV o caminho natural será seguir a Orla Conde passando pelo Espaço Cultural da Marinha até a nova praça em frente ao CCBB, na Candelária, passando também pelo
Centro Cultural dos Correios e Casa França Brasil. No momento esse trecho está em finalização com promessa de liberação no próximo final de semana, dia 31 de julho.
A Ana Luiza e a Sofia já fizeram o passeio ao Espaço Cultural da Marinha com a escola. Eu mesma nunca fiz a visita ao espaço que tem muita história e diversas atrações interessantes, como o Submarino-museu Riachuelo e um helicóptero da marinha, estes dois abertos à visitação pelo interior e a Nau do descobrimento. Outra atração do Espaço Cultural da Marinha é o navio-museu Bauru que foi construído e utilizado pelos EUA até 1944, quando foi transferido para a Marinha do Brasil, É possível visitar seu interior e conhecer um pouco das instalações e de como era o cotidiano dos marinheiros.
É de lá que sai outro passeio bem legal, a visita à Ilha Fiscal.
Fui buscar uma foto do passeio escolar e matar as saudades de quando elas eram pequenas.
Já os três centros culturais, nós somos fãs de carteirinha. Estamos sempre por lá aproveitando as exposições.
Com este trecho em obras, nós seguimos pela Rua do Comércio até o CCBB e aproveitamos para ver a Exposição "O Triunfo da Cor" - O pós-impressionismo: obras primas do Musée d'Orsay e do Musée de l'Orangerie. Triunfantemente impressionante.
A praça que ficará em frente à Igreja da Candelária e ao CCBB está em fase final de obra com data prevista de inauguração em 31 de julho. Já tenho um motivo para voltar lá.
Deste ponto seguimos pelo trecho que era área restrita da Marinha. O percurso de 600 metros de extensão beira a Baía da Guanabara e completa o corredor cultural ligando o Museu do Amanhã e o MAR (Museu de Arte do Rio) ao CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), a Casa França-Brasil, ao Centro Cultural dos Correios e ao Espaço Cultural da Marinha.
Mesmo com os tapumes da obra já percebemos que a vista está ampla e conseguimos ver o Espaço Cultural da Marinha de um lado.
E após caminhar um pouco avistamos o
Museu do Amanhã do outro lado.
Este trecho está bem arrumadinho, com deques, bancos, jardins e muitas pessoas desfrutando.
Conforme vamos nos aproximando da
Praça Mauá, o
Museu do Amanhã fica mais próximo e mais impactante. Realmente é bonito de ver. E vale muito a pena a visita.
Chega-se então na nova Praça Mauá com uma visão 360º que nos possibilita ver a beleza do
MAR - Museu de Arte do Rio que vale muito a pena conhecer ou simplesmente subir no terraço para ver a vista lá do alto.
Vê-se também a entrada da Avenida Rio Branco com o contraste do prédio RB1 todo modernoso e os prédios antigos do Morro da Conceição, a área da Marinha com o colégio São Bento no alto do morro, o Museu da Amanhã e a entrada do Cais do Porto. Ali na estação do Cais do Porto tem um restaurante, mas eu nunca experimentei.
Para completar o percurso da Orla Conde seguimos o corredor do MAR até o Armazém 8. Os armazéns estão revitalizados, com jardins e árvores plantadas. Ainda vemos alguns resquícios da finalização das obras.
Eu e a Márcia, amiga que estava fazendo o passeio comigo, nos conhecemos quando trabalhávamos na Xerox nesta área, nos lembramos perfeitamente como aquela área era feia e perigosa, não tinha a menor possibilidade de irmos a pé até a Avenida Rio Branco. Se precisássemos resolver algo no Centro tínhamos que ir de táxi. Na época falávamos que o Porto do Rio podia ser revitalizado e bem aproveitado, como é feito em outros países. Me lembro do quanto fiquei encantada com o Porto de Lisboa. Muito bom ver que estamos mais perto disso.
O nosso objetivo era ver o maior grafite do mundo feito por um só artista que está deixando a Zona Portuária do Rio mais linda e colorida. O painel do artista paulista #kobra representa a diversidade cultural que estará presente no Rio durante os Jogos Rio2016. O painel chamado "Etnias" traz rostos indígenas de nativos dos cinco continentes - conceito dos cinco aros olímpicos. África - representada por uma mulher da tribo Mursi da Etiópia; Ásia - representada pela trico Kayin da Tailândia; Américas - traz a tribo Tapajós do Brasil; Europa representada pelos Chukchis, da Sibéria, e por último a Oceania com o povo Hulis, da Nova Guiné. A ideia é mostrar que todos somos um.
Lindo! Vale a pena ver e fotografar.
Gostei muito do passeio pela Orla Conde e acho que vale a pena planejar um dia inteiro para fazer o percurso com parada no Museu Histórico Nacional, no CCBB e em um dos Museus da Praça Mauá. Os três pontos possuem restaurante, bistrô ou lanchonete.