Jogo Difiçasso
A Sofia encontrou um jogo no armário e toda feliz pegou para montar.
- Mãe, olha o jogo difiçasso que eu encontrei!
- Legal! Esse jogo era da Ana Luiza e estava guardado para você.
Toda empolgada, a Sofia chamou a moça que trabalha lá em casa para mostrar o jogo.
- Nini, vem ver o jogo difiçasso que eu vou montar!
A Nini chega no quarto e responde:
- Ih, esse jogo é muito difícil, não é para a sua idade, você não vai conseguir montá-lo.
Respirei fundo, me contorci, mordi a boca para não dizer para a Nini o que estava na minha cabeça (“Não é porque você não consegue que a Sofia não vai conseguir. Deixa ela tentar e mesmo que ela monte apenas duas peças dê parabéns por ela ter tentado”). E antes que eu falasse qualquer coisa para incentivar a Sofia, ela mesma saiu com a seguinte frase:
- Eu vou conseguir sim porque eu não desisto.
Adorei a resposta e fiquei feliz com a Sofia e a incentivei.
- Isso mesmo Sofia. Você é persistente, esforçada e inteligente. Monta até onde você conseguir que vai ser muito legal. O que importa é tentar sempre.
Até eu fiquei surpresa quando rapidamente a Sofia montou todas as peças direitinho. A cara da Nini então... Mas, o mais gratificante era a carinha de felicidade e de conquista da Sofia.
Vou reescrever alguns parágrafos aqui:
"As crianças dão menos importância aos seus insucessos do que nós, os adultos. Ela parece perceber que o insucesso é eventual e que ela está aprendendo com ele, para que depois possa ser bem sucedida."
.....
"Crianças erram muito até conseguirem realizar os seus objetivos. Quando é, então, que o insucesso passa a ser um problema para ela? Quando os pais são muito exigentes, não percebem as limitações naturais da criança e nem respeitam as suas potencialidades, quando são demasiadamente críticos e quando raramente incentivam e elogiam os esforços dela para acertar, preferindo destacar seus erros e insucessos."
....
"Insucessos são comuns e frequentes na vida da criança, são e devem ser parte da sua aprendizagem. O que a gente pode fazer, e deve, é transmitir a ela uma atitude natural, sem aflição, crítica ou reprovação diante dos insucessos. Assim a criança aprende a viver, convivendo com os erros e insucessos. Nós podemos ajudar muito se não mantivermos expectativas altas demais sobre o desempenho da criança, se formos pacientes, se compreendermos suas limitações, se elogiarmos seu desempenho.
Respeitar as iniciativas da criança é ajudá-la a crescer e desenvolver-se. Por trás de um sucesso, quase todas as vezes, há uma longa série de insucessos e isso é normal e natural."
Com a Nini eu usei uma linguagem mais simples e exemplos para passar esse conceito. Continuo observando para ver se ela entendeu direitinho.
****************************************************************************************
Memória de Açúcar
Não estou falando da minha memória não. Até poderia estar falando da minha memória que está derretendo, parecendo mesmo de açúcar, mas não é isso.
Estávamos no shopping e resolvemos parar em um restaurante e eu não estava preparada para o entretenimento da Sofia. Não levei Nitendo DS, nem lápis de cor, nem revistinha, nem brinquedinhos, nadica de nada. Quando ainda estávamos acabando de comer, o tempo da Sofia acabou e ela anunciou:
- Estou cansada e quero ir para casa.
Avisamos que ainda tínhamos que acabar de comer, tomar um café e pagar a conta, que era para ela esperar que ia demorar um pouquinho.
Reclamação daqui, reclamação dali, e veio uma ideia. Vamos separar dois saquinhos de açúcar de cada (aqueles sachês com as frases e imagens diferentes, sabe?).
Sofia separou os saquinhos e ela mesma sacou que podíamos jogar um jogo da memória.
Ufa, seguimos a nossa refeição com a maior tranquilidade, com direito à sobremesa, cafezinho, água e esperar a conta sem a menor pressa. Tudo isso acompanhado de várias partidas de jogo da memória.