Sabe aquele filme bom de assistir, leve, que encanta e inspira? Então, foi isso que senti assim que acabei de assistir a "Paris Pode Esperar".
Uma comédia romântica sutil, um delicioso road movie pelo interior da França que nos dá vontade de viajar por aqueles cenários, um walking and talking movie que vai fazendo a gente criar identidade com os personagens. De tudo isso um pouco.
Conta a história de Anne (Diane Lane), uma mulher de aproximadamente 50 anos que é casada com um produtor de cinema conhecido e workaholic. Ela está em um momento da vida de questionamentos, pois a filha de 18 anos saiu de casa para cursar a faculdade, o seu trabalho foi interrompido e o casamento de 20 anos, apesar de estável, anda morno. Mesmo Anne sendo a esposa perfeita e dedicada ao marido e à filha, ela se sente colocada em segundo plano.
É na viagem a Cannes, para acompanhar Michael (Alec Baldwin) ao Festival de Cinema, que ela vê a oportunidade de curtir um momento a dois e quem sabe ser mais notada pelo marido. O plano era o casal seguir para Paris após o festival. Porém o trabalho chama Michael que não consegue se desconectar do celular para se conectar com sua esposa e ele precisa fazer um breve desvio indo a Budapeste.
Anne não consegue embarcar no jatinho por estar com problemas de ouvido. Assim, decide ir direto para Paris e esperar o marido ocupado lá. É nesta hora que o francês charmoso e atencioso Jacques Clément (Arnaud Viard), sócio de Michael, se oferece para levá-la de carro.
A expectativa de Anne era fazer o percurso Cannes - Paris sem paradas e chegar à Cidade Luz ao final da tarde. Mas Jacques gosta de curtir a viagem, apreciar os cenários, a boa culinária e as histórias locais. Além do mais o carro dele é um charmoso Pegeout 504, bem vintage, que sente sede e precisa de água a cada uma hora.
Desta forma a viagem que poderia acontecer em sete horas dura dois dias pelo interior da França, passando por cidades charmosas e lugares encantadores, com paradas para consumir o que a rota tem de melhor para oferecer.
Este é o tempo para Anne que se sente perdida e com a autoestima abalada se rever. Jacques, um homem sedutor e atento aos detalhes, a ajuda nisto.
Durante a viagem e as diversas paradas os dois conversam e vão ficando mais próximos, criando intimidade aos poucos. Jacques questiona Anne sobre seus sentimentos e seus desejos. Mostra o quanto ela é maravilhosa. Enxerga nela talentos que o marido não vê. Ou melhor, o marido não enxerga ou ela, Anne, não mostra? Aos poucos, ao longo do caminho, Anne começa a perceber o quanto ela mesma focou sua energia para atender os papéis de mãe e esposa e se deixou de lado.
Em paralelo o sedutor e charmoso Jacques tem comportamentos que colocam Anne, e nós espectadores, em dúvida sobre seu caráter e real interesse. E aí vale a pena embarcar neste romance proibido?
"Paris Pode Esperar" rende um ótimo post de viagem, tanto quanto de gastronomia ou sobre filmes.
Como eu fiquei encantada com a viagem de Jacques e Anne passando por alguns lugares que eu já conheço, mas fiquei com vontade de retornar, e outros que quero conhecer vou mostrar o percurso deles.
A viagem Cannes - Paris de carro pelo Google Maps poderia ser feita assim:
Mas Jacques um profundo conhecedor das maravilhas da França e apreciador de vinhos e da boa gastronomia fez um caminho mais longo, porém literalmente delicioso.
1 - O ponto de partida é Cannes, uma cidade linda e famosa da Côte D'Azur. A cena na sacada do hotel com a o azul do mediterrâneo ao fundo já dá vontade de comprar uma passagem e partir para a França.
Imagina só abrir a janela pela manhã e ter esta vista a sua frente?!
No caminho para o aeroporto passam pela orla de Cannes e por várias ruas que mostram um pouco da cidade que é cheia de charme e glamour.
Saindo de Cannes eles seguem pela região da Provence passando pelos belíssimos campos de lavanda floridos
em direção a Aix-en-Provence, conhecida como Ville D'Eau - Ville D'Art, que é apenas citada. No caminho eles passam pela
2 - Montanha Saint-Victoire. Aqui Jacques demonstra ser um ótimo guia turístico, conhecedor da região, culto e interessado em arte. Ele explica que a Saint-Victoire é um ponto turístico famoso de Aix-en-Provence. A paisagem belíssima foi inspiração para o pintor pós-impressionista Paul Cézanne que cresceu na região. No final de sua carreira, ele pintou mais de sessenta versões da montanha que muitos se referem como sua musa.
3 - O próximo destino é a região de Avignon. Tem uma cena em uma estrada cercada de árvores que eu me lembro dela no caminho de Valensole para Avignon. Mas não sei se seguindo de Aix para Avignon passamos por esta parte da estrada ou se eles fizeram uma "quebrada" até Varensole.
Achei a imagem do trecho da estrada no blog "Fuxicos de Viagens" em um post sobre as locações do filme "Paris Pode Esperar". Vale a pena ler "Depressão Pós Viagem - Conselhos Para Recuperar".
4 - Pont Du Gard - Mais um cartão-postal imperdível da Provence. O aqueduto é Patrimônio Mundial da UNESCO. Foi construído pelos romanos e tem uma paisagem ao redor deslumbrante.
Pena que eu não fui no verão para aproveitar as águas do Rio Gardon.
A Pont Du Gard é deslumbrante. É impressionante a engenhosidade da ponte em três níveis que foi construída há mais de 2000 anos. O aqueduto é um dos exemplos mais bem preservado do mundo da antiga arquitetura romana.
Vale muito a pena o passeio. Quando eu fui, saí de Aix e fiz Avignon, Arles e Pont Du Gard em um único dia. Mas fiz isso porque era inverno e não gastaríamos tanto tempo em Pont Du Gard. Em dias bonitos eu acho que ficaria muito corrido, pois o aqueduto iria demandar mais tempo.
5 - O próximo destino é Vienne, que hoje é um importante sítio arqueológico e uma famosa cidade turística por causa de suas ruínas romanas. Em Vienne acontece o badalado festival anual de jazz que é realizado no antigo teatro romano da cidade.
Jacques mostra para Anne a pirâmide romana de Vienne.
Foto obtida no blog Pdhealey
Até este ponto da viagem de Jacques e Anne eu conhecia. Não usei fotos minhas porque eram da época de fotos impressas e infelizmente mofaram. Que tristeza!
6 - Logo depois de Vienne, após apenas 30 km, de estrada eles chegam a Lyon. Como Jacques diz, eles estão no coração da França. A cidade de LYON foi originalmente uma colônia militar romana, a cidade prosperou como um centro intelectual durante o Renascimento e cresceu uma indústria tailandesa próspera tornando-se uma vez a capital de fabricação de seda da Europa. Lyon hoje em dia é considerada um centro intelectual e cultural dedicado a celebrar a culinária e o patrimônio local.Como os dois são envolvidos com a sétima arte chegando a Lyon, Jacques levou Anne para conhecer o Instituto Lumière.
O museu é localizado na casa da família Lumière e celebra o trabalho dos Irmãos Louis e Auguste Lumière criadores da primeira câmera de filme, que eles chamaram de Cinematógrafo, e são considerados os pais do cinema.
Encontrei um post no blog "Mari Pelo Mundo" falando deste museu. Vale a pena ler "Lyon: Instituto e Museu Lumière: Um Museu Imperdível" e ver as fotos lindíssimas.
O tour por Lyon continua com parada no mercado Les Halles de Lyon Paul Bocuse. Eu adoro um mercado. Já está anotado no meu roteiro de quando eu for a Lyon.
Durante o almoço a amiga de Jacques, curadora do Instituto Lumière, descobre a paixão de Anne por tecidos e sugere que ela visite o Musée des Tissus et des Arts décoratifs - Museu dos Tecidos e Artes Decorativas.
O post "O que fazer em Lyon: Roteiro de 2 dias", no blog "Lista de Viagem" dá mais detalhes sobre este museu.
7 - Após tantas paradas Anne está louca para chegar a Paris e insiste para que sigam direto sem mais nem um desvio. Mas ao ver a placa para Vézelay, já na regiaão da Borgonha, a própria Anne pede para fazerem uma visita a catedral.
É que ali tem um certo magnetismo por ser o lugar de descanso das relíquias de Santa Maria Madalena. Além do mais a Basílica Vézelay é Patrimônio Mundial da UNESCO que no século XI serviu de ponto de partida para os peregrinos saírem para as Cruzadas. A Basílica é considerada uma obra-prima da arquitetura românica e acolhe belas obras de arte.
Imagem obtida aqui.
8 - Depois de um jantar delicioso e insinuante, os dois finalmente seguem para Paris.
Enfim, um filme que tem uma trama simples e leve, mas com vários elementos que envolvem e encantam o telespectador. Com direito a uma história de romance proibido; uma mulher se renascendo aos 50 anos; um francês extremamente encantador, gourmand e adepto de deixar a vida acontecer; cenários apaixonantes acompanhados de paisagens maravilhosas; história e arquitetura local; uma gastronomia de dar água na boca; música agradável e referências aos artistas famosos, como Cézanne, Manet e Renoir, Cézanne. Um filme para viajar e saborear a fantasia.
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