Bom, quando a pessoa soube que teria recesso no período entre Natal e Ano Novo, o que ela fez? Sonhou, almejou, planejou, pechinchou e organizou uma viagem pra uma praia maravilhosa, em um hotel de frente pro mar, com festa de Réveillon incluída e ainda preparou um vestido todo trabalhado no dourado pra noite da virada. Sintam o nível de expectativa nesse detalhe: até as unhas dos pés foram pintadas de dourado.
Até que o sogro da pessoa passa mal, é internado (agora já está melhor e por isso já dá pra brincar com a situação) e o marido precisa desistir da viagem em "Família êh! Família ah! Família!".
Aí começa o dilema da pessoa: vou-não-vou?, vô-num-vô?. Depois de despetalar duas dúzias de margaridas brancas perguntando vou-não-vou (uma leve adaptação da brincadeira bem-me-quer-mal-me-quer, quem nunca?), fazer uni duni tê até perder as contas, abrir os cofrinhos das filhas e fazer cara ou coroa com todas as moedas, tirar na sorte até acabar com as folhas de um caderno, pensar, refletir, amadurecer, conversar com as filhas sobre empatia (sem essa parte o rumo da história poderia ser outro), a pessoa finalmente decide. Ela resolve no mais alto estilo maneira-pra-caramba-à-beça abandonar a viagem (entenda-se comida por fazer e cama pra arrumar) e fazer companhia ao marido, ao invés de abandonar o marido no Rio e seguir viagem (entenda-se comida pronta e cama arrumada). “É o amor / Que mexe com minha cabeça / E me deixa assim”. Só pode!
O marido que reconhece que a pessoa é muito gente fina, elegante e sincera, além de ser um espírito elevado, iluminado e desapegado (ta, tô me achando mesmo!) vai ao supermercado, enquanto a pessoa está na praia, faz as compras, arruma tudo e agora aparece com a seguinte surpresinha: uma jarra enorme de sangria geladíssima e cheia de frutas só pra essa "fRor di formusura" aqui.
Agora me digam se a pessoa, que deixou de viajar pra Porto de Galinhas e mergulhar nas piscinas naturais, não merece mesmo mergulhar nessa jarra de sangria e viajar na maionese de pé trocado?