domingo, 2 de setembro de 2018

A Semana 35 - Meio desligada



Ando meio desligada... pensei na letra da música. Pensei nela ao refletir sobre o fato que eu ando meio que fazendo poucas coisas. As panelas não têm experimentado novos sabores, as pinceladas colorem apenas nas aulas, a bicicleta está empoeirada na garagem, as exposições não têm sido visitadas e as histórias mostradas nas telonas estão ficando para serem assistidas depois na telinha. Coisas simples que normalmente funcionam como refrescos na minha rotina nesta fase estão sem prioridade.

Mudança que andou me incomodando. Parei para pensar e buscar o motivo. Na verdade, não ando desligada, ando sim focada. Mais focada no projeto que está rolando no trabalho e com isso tenho tido mais vontade de, nos momentos livres, fazer nada ou pouca coisa. Sendo assim, resolvi aceitar essa condição, e aceitar de coração aberto. Afinal, uma vida ocupada demais não necessariamente é uma vida completa.

Tendo aceitado que o momento é esse, o foco é enxergar a beleza que existe o cotidiano. Não precisamos ir a uma exposição de arte para encontrar beleza. É claro que lá esse encontro, essa percepção é garantida. Mas podemos perceber a beleza no ordinário, como:

No sorriso das amigas na aula de pintura. Sim, os objetos que pintamos são bonitos. É gratificante concluir uma peça nova. Mas a alegria de estarmos juntas, as histórias compartilhadas, as gargalhadas soltas e até as lágrimas que correm são tornam esse momento simples em algo extraordinário.


Na alegria de uma criança ao assistir a um musical infantil. Contei no post "Tropicalinha - Caetano e Gil para Crianças" que levei o filho de uma amiga ao teatro. Ganhei o convite, mas as minhas filhas não se interessaram e o meu sobrinho tinha outro compromisso. 

A peça é ótima, as músicas são velhas conhecidas, dão aquela vontade de cantar junto. Mas proporcionar alegria a uma criança retorna como uma onda. Esvaziar a cabeça de qualquer preocupação, apenas curtir o momento, sair do teatro, sentir o frio, o vento, apreciar a vista do céu nublado, tomar um picolé na chuva. A simplicidade da infância torna momentos simples em extraordinários. 


Nas linhas de um livro, nas histórias ao redor. A preguiça de ir para a cozinha, mas a vontade grande de comer um bolo me levou a caminhar até uma livraria próxima, entrar, pegar um livro aleatoriamente na bancada, sentar e entre as garfadas, ler algumas páginas e ouvir a história que se desenrolava na mesa ao lado. Até uma saída despretensiosa, motivada por pecados como a preguiça e a gula pode se tornar um momento extraordinário. Basta perceber que podemos encontrar histórias interessantes a qualquer momento que nos permitirmos torna.


Nas histórias de outras pessoas, mesmo sendo ficção. Afinal, sempre tem algo de real nas histórias inventadas. Maratonei a série "A Casa das Flores". Ao final, a princípio, tive a sensação de desperdício de tempo. Gastei o meu dia todo e apenas acompanhei a história da família De La Mora. Mais uma vez veio a cobrança interna, de mim para mim mesma, por fazer coisas, por ter um dia produtivo. Mas ouvir atento as histórias de outras pessoas pode nos fazer pensar, refletir e aprender sobre as nossas próprias histórias, sobre os sentimentos e emoções que trocamos com quem está a nossa volta. Um domingo em casa, no sofá, pode ser extraordinário se assim quisermos percebê-lo.


No prazer de compartilhar. Encontrei com amigas na hora do almoço. Conversa sincera, olho no olho, interessada. Empatia que torna um almoço qualquer em uma hora extraordinária. 


Em uma palestra. Fui assistir a uma palestra sobre mindfullness e pude ter mais percepção deste meu momento em que "ando nada desligada". Ando focada e a aceitar isso, escolher perceber o que tem de bom e proveitoso por trás dessa rotina aparentemente pouco produtiva, é libertador.  


Em um dia qualquer, como praticamente todos da semana, de sol, com vento suave, em que passo no mesmo caminho, perceber a beleza da garça, o encanto dos peixes no lago, respirar fundo e devagar torna o qualquer dia em um dia extraordinário. 



Ando desligadamente ligada no ordinariamente extraordinário.

Este post faz parte da BC #ReolharAVida proposta pela Elaine Gaspareto que veio substituir a BC #52SemanasDeGratidão que em 2017 substituiu a BC A Semana que por sua vez já tinha substituído a BC Pequenas Felicidades.



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A Autora:
Chris Ferreira

Chris Ferreira

Eu, uma mãe integral mesmo trabalhando em horário comercial, que procura equilibrar os diferentes papéis da mulher com prioridades e alegria.

Acredito que podemos levar a vida a sério, mas de forma divertida e é isto que eu tento mostrar no blog.

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