terça-feira, 6 de agosto de 2019

Peça Vale Night


Noite de domingo. Muito frio no Rio. Filha já adulta jovem viajando. Filha adolescente que acabou de chegar de viagem de férias fechada em seu quarto se recuperando. Marido deitado no sofá assistindo a todas as competições dos Jogos Pan Americanos. Dois convites para a assistir a peça teatral "Vale Night". Marido e filha recusaram o convite.


Olhei para eles e ainda me bateu uma dúvida se eu deveria ir e deixar a Sofia que chegou ontem de viagem. Liguei para a amiga que estava em casa com o filho adolescente viajando com os amigos, a filha adulta jovem cuidando da própria vida em seu quarto e o marido deitado no sofá assistindo a algo na TV curtindo o frio incomum do Rio. Convidei. Ela aceitou. 

Fomos nós para o nosso vale night que hoje em dia é até bem comum para nós. 




Chegamos ao Teatro Cândido Mendes. Pegamos os nossos ingressos e fomos tomar um café na Padaria de Ipanema. Nos lembramos do quanto aquele trecho já foi movimentado. Era programa típico de domingo ir ao cinema ali perto que fazia filas. Ou ao teatro Cândi Mendes que também fazia filas. Após a sessão fazer um lanche na Chaika ou na Padaria de Ipanema depois de enfrentar a fila para entrar, é claro. A Chaika hoje não exite mais, a Padaria de Ipanema não enche mais, o teatro fica vazio e o cinema continua lá. O tempo passa, as coisas mudam. Estamos sempre de olhando para o futuro, algumas vezes revisitamos o passado e poucas vezes focamos no presente. Entramos na peça.

"Vale Night" conta a história de três mães que se conhecem apenas virtualmente do grupo de WhatsApp do grupo de mães da pracinha. Essas mães marcam um encontro para se conhecerem pessoalmente. Uma ousadia para mães de filhos pequenos: "abandonar" as crias com alguém para curtir uma noite de mulheres em um bar. Muitas faltam ao encontro, é claro, encontrando motivos para ficarem em casa na sua função de mãe. Apenas as três comparecem junto com suas cargas de culpa. 

Neste encontro encontro na vida real às personagens Carla, Paula e Virgínia vão apresentando as suas diferenças, suas histórias, suas experiências e criando identidade entre si e entre as muitas outras mães que estão por aí.  "Carla é mãe de um filho, casada, aparentemente feliz, tenta fazer tudo muito certinho, seguindo à risca todas as “regras”, mas na verdade nunca escolheu estar ali. Paula é mãe solo de um filho, fotógrafa e vive no malabarismo para atender às demandas da carreira de autônoma com às de criar um filho sozinha. Virgínia é mãe de quatro filhos, entre eles um casal de gêmeos bebês, casada há 15 anos, mulher prática e objetiva, questiona as regras, manuais, a própria relação e não está disposta a receber críticas veladas.".

Durante o encontro as três mães diferentes entre si se percebem com muito em comum entre si. E nós na plateia, sejam mães de bebês, mães de adolescentes, mães de adulto, que pensam em ser mães, ou que convivem com alguma mãe vamos percebendo essa identificação, esse elo em comum. Em comum tanto com as que estão no palco, quanto com as que estão na plateia. Tanto com as que estão em casa vivendo o início da maternidade, quanto com as que estão no bar com seus vale nights garantidos porque os filhos já estão voando. 

O texto vai mostrando um assunto que está muito em pauta que é o bombardeio e as cobranças que as mães recebem hoje em dia. E até, sem querer, às vezes sem perceber, bombardeiam umas as outras. Cobram das outras os seus pontos de vistas que no meu ponto de vista essa cobrança de uma mãe em cima da outra é mais para ter a afirmação de que ela tanto precisa de que está fazendo o certo. Afinal, todas as mães têm isso em comum: querem muito acertar, querem muito dar o seu melhor. 

Ao longo da noite no bar as três mães vão se conectando aos poucos e descobrem que podem se dar as mãos, se acolherem, fazerem rir ou até expor os mais ocultos desejos. Podem se ajudar, se apoiar e aprender com as diferenças.

Ao final da peça eu e a minha amiga olhamos para o nosso passado como mãe e vimos o quanto ficamos piradas nessa fase, o quanto abrimos mão de muita coisa sim, normal. Mas agradecemos ter nos permitido alguns vale nights nesse percurso, ter nos permitido gradualmente ter nossas vidas próprias. Por que isso, manter a nossa identidade além da maternidade, nos ajuda muito no momento presente de todas as fases desse percurso que é ver os filhos crescerem.



Serviço
Espetáculo “Vale Night”
Temporada: 02 de agosto a 01 de setembro.
Teatro Candido Mendes: Rua Joana Angélica, 63 - Ipanema
Telefone: 2523-3663
Dias e horários: sexta a domingo, às 20h.
Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)
Duração: 1h
Lotação: 103 pessoas
Classificação Etária: 12 anos.

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A Autora:
Chris Ferreira

Chris Ferreira

Eu, uma mãe integral mesmo trabalhando em horário comercial, que procura equilibrar os diferentes papéis da mulher com prioridades e alegria.

Acredito que podemos levar a vida a sério, mas de forma divertida e é isto que eu tento mostrar no blog.

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8 comentários:

  1. Certíssimas você e sua amiga curtirem um vale night juntas já que a família estava cada qual com seus afazeres, haha.
    Achei muito bacana a peça trazer toda essa temática sobre se mãe. Muita gente romantiza a maternidade e julgam as mulheres que decidiram ou não ser mãe. É bom quando a arte imita a vida e traz discussões pertinentes.
    Beijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥

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    1. OILesli, é muito bom mesmo quando a arte traz essa discussão. Ajuda a formar melhor a consciência sobre o assunto. Assim podemos ver como expectadores as situações que vivemos e analisar melhor nossas atitudes.
      beijos
      Chris

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  2. Que bom que você e sua amiga aproveitaram a noite juntas. É preciso olhar um pouco para si e se divertir com as amigas.
    O tema da peça é muito comum. Muitas mulheres deixam de viver suas próprias vidas pelos filhos e quando eles crescem, se sentem perdidas.
    Bjus!

    galerafashion.com

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    Respostas
    1. OI Adriana, é preciso sim olharmos para nós, nos percebermos e nos permitirmos.
      E como nos sentimos perdidas. É muito comum isso.
      beijos
      Chris

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  3. Vale Night seems like an interesting play. It seems you had a nice theatre night with your friend. Sometimes a night out is all we need.
    P.S. I really like your outfit. That coat is very chic.

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  4. Que legal Cris!!
    Acho que quando ser mãe não quero perder minha essÇencia tb, a gente tem que viver com os nossos filhos, mas tambem temos que continuar sendo a gente :)
    Que legal que o teatro traz de uma forma leve e divertida!
    Beijocas da Pâm
    Blog Interrupted Dreamer

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    1. OI Pâm, é muito importante cuidarmos para não perdermos a nossa essência. No início é difícil pois ficamos muito envolvidas mesmo, mas deve ser temporário e temos que focar em nós para podermos dar o nosso melhor. m
      beijos
      Chris

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