Tapetes de Sal de Corpus Christi - uma foto e muitas lembranças

Uma amiga me enviou algumas fotos dos tapetes de sal feitos pela comunidade na Igreja de São Francisco Xavier na Tijuca.

Essa amiga lembrou-se de mim porque um dos tapetes tinha como tema os Jogos Olímpicos Rio 2016.

Mas as fotos enviadas, na verdade, me trouxeram surpresa e lembranças.

Primeiro eu fiquei muito surpresa porque, mesmo morando no Rio há tanto tempo, eu não sabia que aqui se faziam esses tapetes. Eu achava que era uma tradição das cidades pequenas e de interior. Como assim eu não sabia disso? Como eu não tinha nem procurado saber?

Depois me trouxe lembranças de quando eu era criança lá em São Pedro d'Aldeia e adolescente em Cabo Frio. Daquelas lembranças que dão vontade de criar os filhos em cidades pequenas...

É que nessas cidades era, e ainda é, tradição enfeitar as ruas com tapetes coloridos, verdadeiras obras de arte, feitos com serragem, pó de café, sal, corante, flores e vários outros materiais.

Na época em que eu morava por lá, as escolas que eu estudei ficavam responsáveis por fazer vários tapetes. Essa atividade era dividida pelas turmas que preparavam o desenho, pensavam no material que iriam utilizar, faziam a arrecadação desse material e no dia iam para a rua fazer a obra de arte.

Eu não me lembro exatamente qual foi o último tapete que eu fiz em Cabo Frio, mas me lembro que foi em frente à Igreja Assunção e tenho na minha memória a imagem do Tavo, um garoto da turma que desenhava superbem, fazendo o risco com giz.

Era uma diversão para as crianças, além do incentivo ao trabalho comunitário, estímulo à criatividade e a valorização do significado do feriado. Muito, mas muito legal mesmo.

Apesar de eu ter ótimas lembranças da tradição de fazer os tapetes de sal para a procissão de Corpus Christi, eu até hoje não tinha mostrado esses tapetes para as minhas filhas, não tinha contado essas histórias, não tinha mostrado essa nossa forma de manifestação popular e cultural.

Mas graças às fotos que chegaram despretensiosamente pelo WhatsApp eu pude recordar, conversar com elas e até fui à Igreja São Francisco Xavier e na Santa Margarida Maria ver os tapetes.

E assim pudemos ver um pouco dessa manifestação popular que não tem caráter de penitência, nem pagamento de promessas, mas sim uma expressão de carinho.